segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Contra a Violência



Como epidemia social, a violência vem tomando lugar na sociedade, de maneira generalizada.

Muitos vêm deixando de lado o trato social, abrindo mão das pequenas gentilezas cotidianas, como algo fora de moda ou de contexto.

Homens e mulheres, com honrosas exceções, vêm se permitindo extravasar a própria violência em ações e comportamentos.

Se estão no trânsito, a sua pressa justifica ultrapassagens ilegais e desrespeitosas, não cedendo passagem a quem pede, transformando-se, não raro, em uma verdadeira máquina de guerra, dentro de seu carro.

No trato cotidiano, a impaciência não lhe permite compreensão com algum idoso à sua frente, em um passo mais lento, natural da idade.

Com alguém que lhe pede breve informação, não oferece parcos minutos para a resposta valiosa.

E se alguém desavisado lhe ocasiona algum contratempo, transborda sua fúria em tratamento desrespeitoso, pautado por vocabulário vulgar e ofensivo.

A imprensa veicula notícias que se sucedem e impressionam pela violência, desequilíbrio e rudeza das pessoas.

Mata-se por motivos banais, corrompe-se vidas com justificativas levianas, agride-se física e moralmente como se fosse direito irrefutável.

Assim agem muitos, na atualidade.

Aturdido pelas conquistas tecnológicas, maravilhado pelas possibilidades do mundo moderno, o homem se deixa perturbar, por não dar conta de tantas possibilidades e novidades.

Ganha o mundo na velocidade dos cliques do computador, sabendo de tudo e de todos, nas mais variadas redes sociais.

Ao mesmo tempo, se desorienta por encontrar seus processos intelectuais e emocionais com as velocidades de sempre.

Em um único dia, é capaz de assimilar infindas informações, saber do que acontece em qualquer parte do globo, em tempo real, e de enviar dezenas de e-mails para todas as partes do mundo.

A sua intimidade, no entanto, ainda apresenta um imenso universo a ser descoberto e explorado.

Aparelhado de todos os recursos tecnológicos, não consegue buscar ferramentas no seu mundo interno para enfrentar com equilíbrio os desafios da sociedade moderna.

Por isso, aturde-se. Aturdido, agride.

Torna-se violento, como mecanismo de defesa, para esconder a própria fragilidade.

Quanto mais violento, mais frágil, mais precisando de amparo.

Esses violentos são, na verdade almas enfermas, com dificuldades para dar conta de si e do mundo.

Para conviver com eles, importa armar-se de paz, a fim de agir de maneira sensível, gentil e sensata diante da palavra rude.

Para o comportamento bruto, o trato amável. Para a impaciência, a calma. Para a grosseria, a compreensão.

Somente assim, armados de paz, é que conseguiremos combater a violência.

Sejam os nossos os instrumentos da paz, em todas as circunstâncias.

Na análise do nosso comportamento, na oração e meditação cotidianas, invistamos no hábito das ações serenas e ponderadas.

Dessa forma, munidos de paz, finalmente teremos o antídoto eficiente para agir nestes dias de violência.

Redação do Momento Espírita. Em 23.8.2014.







quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O suicídio de Robin Williams...



O suicídio do ator Robin Williams deixa a mostra esse flagelo que se chama suicídio. É um assunto grave, sério e que infelizmente não é corriqueiro. O número de pessoas que exterminam a própria vida todos os dias em nosso planeta é imensurável. Sim, imensurável porque não se tem todos os registros de pessoas que pedem demissão da vida, porquanto dados são escamoteados. 
E  para ajudar  mídia e sociedade tratam de atirar o tema para debaixo do tapete não o abordando com a seriedade devida, ocultando estimativas a viver num mundo de ilusões... Entendem que falar sobre o suicídio gerará suicídios em massa. Entretanto, consideremos que há formas e formas de abordar o tema. É  a informação sobre alguma coisa  que abrirá os olhos das pessoas para saberem onde estão pisando.
Portanto, desnecessário falar sobre suicídio mostrando como as pessoas se autoexterminaram, fazendo sensacionalismo, mas fundamental falar sobre como superar os dilemas existenciais, real causa do suicídio. Jesus ensinou: “No mundo tereis aflições”. É bem por ai. Devemos entender que a vida na Terra tem seus altos e baixos, dias que são noites chuvosas e densas. São as aflições a que Jesus se referiu. Nem só de alegrias se faz nossa existência e saber disso já é um bom caminho percorrido para não se desesperar diante dos problemas. 
Enfermidade, grana curta, o amor que nos abandonou, o familiar que partiu, a maré que não está lá grande coisa. Todas essas citadas fazem parte de nosso rol de provação neste mundo. O que fazer? Desistir? Suicidar-se? Ora, jamais! Melhor treinar e aprender a ser “infeliz”. Sim, caro leitor, entenda que quando digo aprender a ser “infeliz” estou falando sobre treinar a viver neste mundo cheio de curvas sinuosas.
Levo uma pancada, levanto. Levo outra, caio, mas vou devagar me acertando, e assim vamos vivendo...
O espiritismo nesse particular desempenha papel fundamental ao mostrar que continuamos vivendo, apesar dos pesares, dos problemas e das dificuldades. Extingue-se o corpo, mas fica o espírito, agora em situação mais complicada em virtude do gesto de desespero.

Lembro-me de um amigo orador espírita que foi intuido a modificar sua palestra da noite que realizaria em um determinado centro de nosso país. A tarde toda ficou com a palavra suicídio rondando sua mente. Ele não queria trocar o tema, mas a voz insistia ecoando em sua alma. Porém, de tanto que os Espíritos “cochicharam” em seus ouvidos que ele resolveu naquela noite mudar a programação e falar sobre o suicídio. Qual não foi sua surpresa quando uma mulher o abordou ao final da exposição dizendo que desesperada dirigia-se para uma ponte a fim de atirar-se quando teve enorme vontade de entrar no centro espírita. Para o espanto da mulher o orador falava sobre o suicídio. Ela nunca havia escutado nada parecido. As informações transmitidas pelo orador despertaram na mulher a “vontade de prosseguir”. Ele até então não havia compreendido a razão pela qual passou o dia todo com “alguém” soprando em seus ouvidos para mudar o tema da noite. Graças as suas informações aquela mulher não levou ao fim o seu objetivo. Séculos de tormento evitados por conta de uma simples, mas preciosa informação: A vida não acaba com a morte do corpo.
Outro pontoa refletir é a pressão social que recebemos para sermos felizes. Ah, quanta confusão isto causa na cabeça das pessoas.
Prega-se a felicidade a qualquer custo e não se ensina como lidar com frustrações tão comuns de um planeta em desenvolvimento como o nosso.
O resultado está ai para todos constatarem, uma sociedade infeliz pela busca insana e irracional pela felicidade. Parece um paradoxo, mas não é. O caminho para “exterminar o suicídio” não é esconder dados, deixar de falar ou pedir para que as pessoas sejam felizes na marra... Encarar de frente é o caminho. Penso que só assim deixaremos de ver todos os dias notícias tristes a mostrar que alguém não conseguiu suportar suas provações e desistiu de si mesmo. Posso dizer que é muito melhor um “infeliz” vivo do que alguém que buscou livrar-se dos seus problemas mas está morto.
Mídia e sociedade podem fazer muito para ajudar neste flagelo denominado suicídio. Basta encarar de frente, informar as pessoas e mostrar que aqui temos, sim, problemas e estes servem para serem resolvidos. Uma boa dose de realidade vai colaborar com o mundo. Que tal?


Wellington Balbo (Bauru – SP) é membro da Rede Amigo Espírita
Wellington Balbo é professor universitário, escritor e palestrante espírita, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática. É autor do livro "Lições da História Humana", síntese biográfica de vultos da História, à luz do pensamento espírita, e dirigente espírita no Centro Espírita Joana D´Arc, em Bauru.
wellington_balbo@hotmail.com
Blog: http://wellingtonbalbo.blogspot.com/

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

ENVELHECER É UMA ARTE E UMA CIÊNCIA



Amigos, perdoem-me por ter negligenciado esse espaço. Não convem citar os motivos... mas, leiam o artigo a seguir que vale muito  a pena...

                  Anne Leitrim, uma inglesa de 70 anos de idade, residia sozinha em Bournemouth, no sul da Inglaterra, e foi encontrada morta no quarto do seu apartamento (após seis anos). Os vizinhos supunham que ela tinha se mudado e a família (pasmem!) não sentiu sua ausência durante todo esse tempo. Diante do caso, o servidor Cliff Rich, membro da organização Contact the Elderly, instituição filantrópica de apoio a idosos, alegou que muitos anciães são praticamente “invisíveis” para o resto da sociedade inglesa. 
Observemos que estamos diante da sociedade mais conservadora da Terra, tida como de “primeiro mundo”, onde se apregoa muito a importância do “bem-estar” dos idosos. “No Brasil, alguns sociólogos afirmam que, se um país como o nosso precisa de um "estatuto dos idosos" (ou seja, de uma lei), para lembrar a respeitabilidade deles, isso indica que algo está muito errado com a sociedade.”.
Certo dia escutei um cidadão (brasileiro) na fila do cartório, esbravejando que o direito do idoso era uma incoerência, um exagero. Revoltado, arrazoava: “vamos ao banco, ao cinema, em qualquer fila, até as de emergência, e aquele montão de pessoas passa na nossa frente se dizendo “preferencial”. Quem é idoso? A pessoa às vezes nem tem 60 anos, anda de sapato esportivo (tênis), usa óculos Ray Ban, está magnificamente arrumada, mulheres maquiadíssimas, homens arremessando glamour e dizem "sou idoso". E lá ficamos nós, otários, para trás. Acho que há muita indolência. Até office velho os escritórios arrumaram... Empréstimos, décimo-terceiro antecipado, medicamentos e trabalho? Tudo é para eles, e nós, que estamos na idade adulta e necessitada, o que sobra para nós? O governo devia pensar em todos, mesmo porque ser idoso não é ser minoria".
Sem entrar em disputa com tal indignado cidadão, cabe-lhe recordar que não se pode generalizar jamais numa circunstância dessas. O processo envelhecer demanda uma atenção especial em virtude das modificações biológicas, psicológicas e sociais, sendo necessária uma maior atenção por parte da sociedade e formulação e efetivação de políticas públicas voltadas para o idoso. Em muitas culturas e civilizações, principalmente as orientais, o idoso é visto com respeito e veneração, representando uma fonte de experiência, do valioso saber acumulado ao longo dos anos, da prudência e da reflexão, enquanto em outras o idoso representa "o velho", "o ultrapassado" e "a falência múltipla do potencial do ser humano" – é lamentável!
A História mostra que o envelhecimento do corpo de muitos anciãos não se processou em paralelo, para quem soube cultivar o Espírito. A idade cronológica não representou barreiras para Giuseppe Verdi, compositor italiano, que aos sessenta anos compôs "Aída"; com mais de setenta e quatro, "Otelo", e aos oitenta e quatro completa três imorredouras páginas religiosas: "Ave Maria", "Stabat Mater" e "Te Deum". Pablo Picasso, o genial pintor espanhol, aos noventa e um anos, cria; Winston Leonard Spencer Churchill, septuagenário, foi a alma da resistência na Segunda Grande Guerra, e morre aos noventa e um anos em plena contribuição social.
Que falar ainda de Albert Einsten, Thomas Edison, Albert Schweitzer, Louis Pasteur, Alexander Fleming, Konrad Hermann Joseph Adenauer, Bertrand Russell, espíritos altamente produtivos aos setenta, oitenta, noventa anos de idade física, que não se entregando à vida contemplativa, permanecem vivos até hoje, quando pelos efeitos de suas descobertas, invenções, ideias e ideais se mantiveram produtivos, interessados, interessantes e atuantes, apesar, do envelhecimento físico.
Cremos que a decrepitude deveria ser encarada como venturosa pelo que contém de gratificante, mormente por causa das longas refregas das buscas e das realizações. Envelhecer é uma arte e uma ciência, se buscarmos rejuvenescer nossa alma. Há idosos que conquistaram a longevidade de forma sadia e feliz, contudo muitos estão largados nos asilos da vida, amargando suas enfermidades no isolamento. Há os que aceitam sua decrepitude sem rezingar e sem exigir nada dos outros; todavia igualmente indiferentes não oferecem nada a ninguém.
Dizem que a idade avançada é a noite da Vida, entretanto, a noite pode ser bela, clara, toda ornamentada de estrelas e constelações, luar e claridade a se esparzirem de uma longa vida cheia de virtude, bondade e honra! O entendimento espírita vê a idade avançada como o outono no tempo, fase normal, necessária, imprescindível na sucessão harmônica dos objetivos e funções da encarnação, envolta, igual a todas as outras, nos dons da Natureza, nas bênçãos de Deus.
            Jorge Hessen


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Maturidade e Consciência

A consciência atinge a plena conquista, quando o ser amadurece no seu processo psicológico de evolução. Esse amadurecimento é o resultado de um contínuo esforço em favor do autoconhecimento e da coragem para enfrentar-se, trabalhando com esforço íntimo as limitações e os processos infantis que nele ainda predominam.
Não sabendo superar as frustrações, fixa-as no inconsciente e torna-se sua vitima, fugindo para os mecanismos da irresponsabilidade toda vez que se vê a braços com dificuldades e enfrentamentos.
A maturidade psicológica não se restringe ao período de desenvolvimento da infância, e sim, ás várias fases da vida, considerando-se que a aprendizagem e o crescimento não cessam nunca, tornando-se uma constante até o momento da individualização, no qual o espírito comanda a matéria e o mantém-se em harmonia com o físico.
Não seja de estranhar que indivíduos adultos mantenham comportamentos infantis e que jovens se apresentem com equilibrada maturidade.
Naturalmente, o espírito é o agente da vida e dele procedem os valores que são ou não considerados durante a existência corporal.
O mecanismo para o amadurecimento psicológico do ser expressa-se de maneira natural, aguardando que a vontade e o contínuo esforço, para o reconhecimento das debilidades físicas, emocionais e outras, facultem o ânimo para corrigi-las e superá-las.
As funções psíquicas, que Jung classificou em número de quatro - sensorial, sentimental, intelectual e intuitiva - devem constituir um todo harmônico, sem predominância de alguma em detrimento de outra, proporcionando o amadurecimento, portanto, a plena realização da consciência.
O amadurecimento psicológico se exterioriza quando se ama, quando se alcança esse sentimento ablativo, demonstrando a libertação da idade infantil.
Egocêntrica e ambiciosa , a criança apega-se à posse e não doa, exigindo ser protegida e jamais protegendo, amada sem saber amar, nem como expressá-lo. O seu amor é possessivo e sempre se revela no receber, no tomar.
O seu tempo é presente total.
O adulto, diferindo dela, compreende que o amor é a ciência e arte de doar, de proporcionar felicidade a outrem.
O seu tempo é o futuro, que o momento constrói etapa a etapa, à medida que lhe amadurecem a afetividade e o psiquismo.
Enquanto o amor não sente prazer em doar, experimenta o período infantil, caracterizando-se pelo ciúme, pela insegurança, pelas exigências descabidas, portanto, egocêntrico, impróprio.
Quem ama com amadurecimento, plenifica-se com a felicidade do ser amado e beneficia-se pelo prazer de amar.
Há nele uma compreensão de liberdade que alcança os patamares elevados da renúncia pessoal, em favor da ampla movimentação e alegria do ser amado.
O que hoje não consegue, semeia em esperança para o amanhã.
O idoso amadurecido realiza-se em constantes experiências de amor e vivência culturais, emocionais, sociais beneficentes, livres do passado, das reminiscências que lhe constituem prazer fruído, no entanto, sem sentido.
Como o crescimento do homem maduro não termina, a sua consciência promove-o à certeza de que, desvestido do corpo, ele prosseguirá evoluindo.
Sintetizando toda a sabedoria de que era portador, Jesus, na condição de Psicólogo Excelente, prescreveu para as criaturas humanas a necessidade de se amarem umas às outras.
Com esta lição ímpar, não somente reformulou as propostas egocêntricas da Lei Antiga, de reações cruéis, portanto, infantis, como abriu perspectivas extraordinárias para a integração da criatura com o seu Criador, o Amor Supremo.
Posteriormente, buscando propiciar o amadurecimento das criaturas, Allan Kardec indagou aos Mensageiros da Luz, qual a mais meritória de todas as virtudes, e eles responderam, qual está registrado em O Livro dos Espíritos, na resposta de número 893:
- Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade. Porquanto através do autoconhecimento, o ser pensante, descobre as próprias imperfeições, trabalha-as, e, levado pela necessidade gregária, sai da solidão e ama.

Do livro Momentos de Consciência, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Angelis.
Pblicado em http://www.forumespirita.net