quarta-feira, 29 de abril de 2015

Ação ponderada

Pequena análise do comportamento humano nos permite perceber o quanto somos capazes de muito reagir e de pouco agir.
Basta uma pequena rusga no trânsito, alguém que altere a voz em uma discussão, e a reação acontece.
Ou ainda, que alguém nos trate rispidamente, ou que falte com a polidez para conosco para que desencadeie uma imediata reação em nós.
Reagimos de maneira impulsiva, algumas vezes, até violenta, e, consequentemente, impensada.
Reagimos, de súbito, para logo mais percebermos que poderíamos ter agido diferente. Qual animal ferido ou acuado, reagimos para nos defender, sem analisar, refletir ou pensar. Assim se dá porque vinculados a comportamentos ancestrais, trazemos o ímpeto de reagir, por impulso, por instinto, sem raciocinar.
E, somente depois, a razão nos convida a avaliarmos as consequências do que foi dito, ou a maneira como nos comportamos.
Por outro lado, somos sempre vítimas de nossas reações, enquanto a ação nos permite tomar a atitude que escolhemos, o procedimento que achamos mais adequado.
Se a reação é instintiva, a ação é racional e reflexiva. Se ao reagir não nos damos conta ou não nos apercebemos do estrago que podemos causar, o agir é analisado e pensado.
Dessa forma, se já percebemos que nossa reação gera muito mais dificuldades e problemas do que soluções e tranquilidade, faz-se hora de trocarmos a reação pela ação. Por exemplo, se fazemos silêncio quando alguém nos dirige impropérios, é a ação da paz que foi nossa opção. Fácil seria revidar na mesma moeda, reagir da mesma forma. Desafiador é evitar a armadilha da reação e, lucidamente, optar pela clareza da ação.
Se alguém nos aborda de maneira grosseira, e respondemos com gentileza, paciência e calma, é a ação da nossa compreensão para com o outro. Talvez fosse mais fácil, pela força do hábito, nos comportarmos com reciprocidade, devolvendo a grosseria que recebemos.
Porém, o grande desafio é deixar de reagir, escolhendo o agir, que gerará sempre melhores resultados, posto que é fruto do equilíbrio e da reflexão. E a transformação do nosso comportamento acontecerá paulatinamente e será o resultado da disciplina no pensar, que gera o hábito da reflexão, culminando pelo desarmar de nossas atitudes.
Portanto, já não mais vítima das palavras rudes, do comportamento infeliz ou da atitude impensada. Que a análise e reflexão de nossas atitudes possam fazer com que, aos poucos, a reação ceda lugar a ações, pautadas em um comportamento de paz, lucidez e fraternidade.
*   *   *
Quando reagimos, revidando ofensas, agressões, descuidos alheios, passamos a sintonizar com quem as produziu.
A partir daí, mantemos uma interdependência psíquica, que nos aprisiona em nuvens mentais de sentimentos malsãos, que somente nos prejudicam, física e espiritualmente.
Optemos sempre pela ação ponderada e gozemos de saúde, de tranquilidade, vivendo sem sintonia com aqueles que ainda transitam pelas faixas da inconsequência ou da maldade.
Façamos isso e nos sentiremos leves, felizes, plenificando-nos com as celestes bênçãos.

Redação do Momento Espírita.


Rogando Paz


Senhor Jesus!
Tu disseste: “a minha paz vos dou ...”
Entretanto, Senhor,
Muitos de nós andamos distraídos;
Atribulados, às vezes, por bagatelas;
Aflitos sem razão;
Sequiosos de aquisições desnecessárias;
Irritadiços por dificuldades passageiras;
Dobrados ao peso de cargas formadas por desilusões e discórdias que nós mesmos inventamos;
Ocupados em dissenções infelizes;
Hipnotizados por tristeza e azedume que nos inclinam à separatividade e ao pessimismo...
Entendemos, sim, Jesus, que nos disseste:
- “A minha paz vos dou...”
Diante, porém, de nossas inibições e obstáculos, nós te rogamos, por acréscimo de misericórdia:
- Senhor, concedeste-nos a paz, no entanto, ensina-nos a recebe-la.
*****


Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito EMMANUEL 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Brasil, o aniversariante.

No dia 22 de abril, o Brasil comemora mais um ano. O Espírito Humberto de Campos, no seu livro psicografado por Chico Xavier e que tem como título: "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", nos afirma que Jesus transportou a árvore do Evangelho, da Palestina para o Brasil. Por que Jesus fez isso? Terá sido privilégio nosso? O que fizemos para merecê-lo? Se não foi privilégio, o que aconteceu, para que essa árvore plantada inicialmente na Palestina, não permanecesse lá, e viesse para cá?
Fomos nós os escolhidos, mas, não por privilégio. Por missão. Foi-nos confiada à tarefa de aprender, vivenciar, e espalhar os Seus ensinamentos. Então, repetiu-se no Brasil, o que aconteceu na Palestina, quando se aproximou o momento da vinda de Jesus.
Por que Jesus fez isso? Somos o resultado da união dessas três raças e de cada uma delas temos características. Do branco injustiçado temos a inquietação diante da injustiça; do negro escravizado temos a submissão, a aceitação da dor, do sofrimento; e do índio temos a indomabilidade. Somos o resultado da união dos injustiçados, dos que choram e dos puros de coração.
É fato que o Brasil, foi colonizado pela escória do mundo, também é fato que esta escória teria aqui a imensa oportunidade de se moralizar.
É fato que na atualidade, a política do Brasil, está permeada de escândalos, de corrupção e entendemos que estes que se comprometem estão tendo, mais uma vez, a oportunidade de resgatarem antigos débitos.
Ao escolher o Brasil para transplantar a árvore do Evangelho, Jesus nos deu a missão de transmitir ao mundo a Sua mensagem; mas com a Sua conduta, vivenciando tudo aquilo que ensinava, mostrou também como Ele deseja que essa missão seja cumprida: com o exemplo.
Por isso, mãos à obra, pois o trabalho é grande e é de todos nós Espíritas ou não Espíritas. Mas, sem dúvida, a nossa contribuição tem que ser maior, pois temos consciência disso.


CORAGEM, FÉ E TRABALHO!
Muita paz!


Enir Sattler


Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/accao-do-dia/brailsil-o-aniversariante/#ixzz3Y8HwMcU8

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Por que reciclar pensamentos?


Cristina Helena Sarraf, do http://www.jornaldocem.com.br/

Boa parte do que pensamos, cremos e deixamos que direcione nossa vida, foi aprendido dos valores de outras pessoas e vem de um tempo em que não se sabia o que hoje conhecemos. Isso significa falta de dados novos que precisam ser considerados, enquanto mantemos idéias velhas que já não funcionam mais.

Palavra significativa de nosso tempo, “reciclar” implica em avaliação do que é útil e funcional que será conservado; do que se pode ser revisto e acertado para ser mantido e do que não tem mais condição de uso, perdeu função e razão de ser, devendo ser descartado.
Objetos nunca usados, enchendo gavetas, estão pedindo novos donos ou lixo, onde poderão virar até outra coisa, pela reciclagem. Eles são semelhantes a nossa mente, repleta de idéias, lembranças, posicionamentos, conhecimentos e crenças, que necessitam de revisão.
Já houve o tempo em que se pensava que idéias fossem coisas fixas. Nessa época, o ser humano caracterizava-se pela rigidez ideológica e de costumes. Acreditava-se que os pensamentos vinham de Deus, por isso eram imutáveis. Os poucos que ousaram romper com esse estado de coisas foram punidos, como aconteceu com Giordano Bruno, Joana D’Arc, Jesus... Mas a semente da liberdade, por estar plantada dentro dos Espíritos, germinava e, mais adiante,outros ousaram erguer a cabeça e dizer coisas diferentes das habituais. Galileu, Colombo, Lutero, por exemplo, propondo mudanças conceituais, pagaram o preço disso, ao mesmo tempo em que deixavam em nosso planeta marcas de um novo tempo.

As transformações que se sucederam já são tantas, que hoje mal podemos acompanhar as novidades tecnológicas, as conquistas científicas, as criações artísticas, a moda, as edições de novos livros, filmes, tudo pleno de tal multiplicidade que até parece infinita.

A dificuldade de acompanhar todos os avanços não ocorre apenas porque é impossível ter acesso a tudo, mas principalmente porque permanecemos pensando, sentindo e vivendo com idéias, conceitos que também precisam ser reciclados.
O que eu penso de mim? Quais meus pontos fortes, fracos e médios?
A experiência de ocupar-se consigo, reciclando pensamentos, ajuda a definir a própria filosofia de vida; os valores significativos para cada um, independentemente de religião, sociedade, família, amigos e modismos.
(AUTOCONHECIMENTO)
Diz a questão 919 de O Livro dos Espíritos; “Qual o meio prático mais eficaz que o tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir atração do mal? Resposta: Um sábio da Antiguidade vo-lo disse: conhece-te a ti mesmo”.
O sábio a que se refere a resposta é Sócrates, filosofo grego considerado um dos precursores do Espiritismo. (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec) (C.H.S)


CONTRASTES
Lado a lado convivem preconceito racial e globalização; medos e naves espaciais; materialismo nas ciências e a noção de que é Deus quem decide a vida; crença de que o outro vale mais e individualismo; descongelamento das geleiras e desperdício de alimentos...
Ainda não estamos conectados conosco mesmos, de modo que o externo e o interno sejam uma só coisa. Apesar de tanta modernidade, “ainda somos como os nossos pais”, como diria Belchior, na conhecida musica. Não que devamos ser como eles, mas, sim, que reciclar pensamentos promove um ajustamento intimo, diminuindo incoerências, angustias e sofrimento.
Gosto de ser como sou ou venho me escondendo para parecer diferente?
O que tenho feito por mim? Como tenho me cuidado?
Meus atos, sentimentos e reações têm sido examinados, para eu me conhecer e saber lidar comigo?
Qual meu entendimento sobre determinada questão? – independentemente do que pensem outros, seja quem for.
Minha “cabeça” diz frases o tempo todo, mas meu ser sente desse mesmo jeito?
Ou sinto algo e penso outra coisa, por causa das opiniões alheias?
Questionamentos como esses estabelecem o processo da reciclagem, ajudando-nos a distinguir como pensamos e o que deve ser feito em relação a isso, caso seja preciso mudar algo, e queiramos fazê-lo.
Há quem imagine que analisar-se provoca depressão e desanimo. Mas não é preciso que aconteça dessa maneira, ate porque o objetivo não é ver quem está certo ou errado. Reciclar pensamentos é estritamente pessoal; ;levam em conta em primeiro lugar, nossas idéias e formas de ser forma aprendidas com pessoas que não tinham as informações que temos hoje e que a repetição memorizada dos costumes familiares obscurece a percepção sobre a qualidade e funcionalidade dos mesmos.

*CRISTINA HELENA SARRAF é educadora, palestrante e ministra cursos baseados nos Princípios do Espiritismo. Edita o jornal do Grupo Espírita de Iniciativas Doutrinarias, CEM, grupo fundado por ela há 24 anos (www.geocities.com/jornalcem)


O OUTRO É UM ESPELHO

Nem sempre a realidade é como a percebemos. Na antiguidade grega, Esopo – 500 anos A. C – conta a história de um viajante que chegou às portas de Atenas em busca de informações. Pretendia saber como era a população da cidade. Esopo, antes de responder, quis saber como eram os habitantes de sua cidade. Sou de Argos, explicou ele, e lá as pessoas são antipáticas, mesquinhas, invejosas e por isso vim para cá. O sábio disse: infelizmente as pessoas de Atenas também são assim.
MEIA HORA após, outro viajante se apresentou com a mesma pergunta. De onde vens e como são os habitantes de sua aldeia? Sou de Argos, disse o viajante, e lá as pessoas são generosas, serviçais e hospitaleiras. E Esopo disse sorrindo: que bom, pois em Atenas também as pessoas são assim!
O OUTRO é como um espelho e reflete nosso interior. Do mesmo modo como vou ao encontro do outro, ele vem ao meu encontro. Assim como eu o vejo, assim eu sou. Quando eu olho para fora e falo sobre as coisas que me cercam, estou também revelando meu interior e dizendo muitas coisas sobre mim.
A VELHA sabedoria grega já sabia que tudo aquilo que recebemos, recebemos de nosso jeito. O mesmo fato ou a mesma afirmação é percebido à nossa maneira. A inveja, o orgulho, a teimosia que vemos nos outros têm sólidas raízes em nós mesmos. O mesmo vale para a bondade que está dentro de nós e se irradia sobre os demais. O mestre Eckhart constatava: “Quem estiver bem consigo mesmo, estará bem em todos os lugares e com todas as pessoas. Mas quem não estiver bem, não está bem em nenhum lugar e com nenhuma pessoa”.
MUDANDO de Argos para Atenas, a pessoa continua igual. Não será a mudança de lugar que irá alterar nossas deficiências e nossa escala de valores. Mudando de lugar, carregamos conosco nossos defeitos e nossas virtudes. A primeira tentação é mudar as pessoas de Argos, mas isso não vai mudar nada. Nós continuamos os mesmos.
EXISTEM dentro de nosso psiquismo filtros poderosos que, aparentemente, modificam a realidade. E esses filtros funcionam em duas direções: escondendo nossas limitações e exagerando os defeitos dos demais. A sujeira pode estar na janela, nas lentes de nossos óculos ou mesmo em nosso interior. A preocupação de mudar o mundo, que pode ser legítima, precisa começar dentro de nós. Se teu olho for puro, tudo ao teu redor será puro, se teus olhos forem bons, tudo será bom.

+ Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano

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