segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Quem é o seu amante?


 (Jorge Bucay - Psicólogo)



“Muitas pessoas tem um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não tem, e as que tinham e perderam".  Geralmente, são essas últimas que vem ao meu consultório, para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc. Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre. Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme:
"Depressão", além da inevitável receita do anti-depressivo do momento. Assim, após escutá-las atentamente,  eu lhes digo que não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que precisam de um AMANTE!!! É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho. Há as que pensam:
"Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas"?! Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais. Aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte:
"AMANTE" é aquilo que nos  "apaixona", é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono, é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir. O nosso "AMANTE "é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida. Às vezes encontramos o nosso "AMANTE" em nosso parceiro, outras, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis. Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto.
 Enfim, é "alguém!" ou "algo" que nos faz "namorar a vida"
e nos afasta do triste destino de "ir levando"!.. E o que é "ir levando"? Ir levando é ter medo de viver. É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva. Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão, de que talvez possamos realizar algo amanhã*.
Por favor, não se contente com "ir levando"; procure um amante, seja também um amante e um protagonista... DA SUA VIDA! Acredite:
O trágico não é morrer,  afinal a morte tem boa memória,  e nunca se esqueceu de ninguém. O trágico é desistir de viver... Por isso, e sem mais delongas, procure um amante ...A psicologia após estudar muito sobre o tema,descobriu algo transcendental: 
"Para  estar satisfeito, ativo e sentir-se jovem e feliz, é preciso namorar a vida".





domingo, 4 de dezembro de 2016

NATAL, CONVITE PARA NASCER DE NOVO


Houve um tempo na terra, um tempo absolutamente fantástico no qual, em cumprimento de profecias longamente anunciadas, ocorreriam enormes transformações. Profetas muito respeitáveis e antigos tinham anunciado que, nesse tempo, profundas limpezas seriam realizadas. Esse tempo em que vivemos não é assim? Em 2012, profecias muito antigas que falam justamente em momentos de profunda transição na terra entre eras muito diferentes foram erradamente interpretadas e se pensou que o mundo iria se acabar. Como sempre a morte, que é transformação, foi interpretada como fim e quase ninguém entendeu.  Entre os que entendem, resta, soberana a grande questão: como devemos agir na Transição?
Aquele tempo nos oferece modelos que nos devem fazer refletir. Um deles, Herodes, representa todos os que estão acomodados, em nichos grandes ou mesquinhos de poder. Quem se julga no poder, por cima, quer mudanças? Herodes, apavorado com a mudança, mandou matar a mudança, anunciada como uma criança de zero a dois anos, mandando passar a fio de espada todas as crianças com essa idade. Como nós agimos com a mudança, com essa mudança que vem na roupagem da dor? Pedimos, imploramos pelo seu afastamento, pela sua eliminação, tentamos também matar a mudança. Mas será esse nosso melhor modelo?
Naquele mês fundamental, havia gente que estudava. Mas naquele tempo, tanto quanto neste em que vivemos, quase a totalidade da terra vive a vida sem refletir, e acaba passando a vida sem viver. Entre os que estudavam a vida não apenas refletindo, mas ouvindo os sábios e, principalmente, tentando ver os sinais da vida havia três, apenas três entre milhões, que estudavam a vida com as vistas voltadas para o céu. E foi assim que souberam dos anúncios, que perceberam o sinal que veio, creram nele, seguiram-no e foram os únicos três estudiosos a estar no mais importante lugar do mais importante momento da Terra. Nós também estudantes, também num mês especial, estaremos com nossas vidas voltadas ao alto?
Naquela noite, muitos milhões de pessoas trabalham. A quase totalidade de nós trabalhamos fechados em nós mesmos, pensando nos ganhos, nos cargos, no destaque. Aqueles, no entanto, trabalhavam na seara do Senhor, em meio a um labor comum mas, com sua atitude, sua atividade tornava-se um hino de louvor a Deus. E foi assim mesmo que ouviram cânticos, viram os mensageiros, creram na mensagem que dizia da grande transformação, e conseguiram ser os únicos três trabalhadores que assistiram o mais importante fato histórico da terra. Entre os bilhões de trabalhadores de nossos tempos, quantos trabalharão assim?
Meses antes, uma jovem muito nova, uma noiva que estava prestes a se casar soube que estava grávida. Eram tempos de muita opressão e vigilância contra a mulher e uma noiva que engravidasse antes do tempo seria repudiada, expulsa, rejeitada por todos. Ela sabia que não estava grávida do seu noivo, o que agravava muito mais sua situação. Mas a notícia, segura, era que esperava um filho, e que seu filho seria o centro de toda a grande transformação que se iria operar na Terra. Terrível sua situação. Pois ela teve a confiança extrema de, primeiro, acreditar na mensagem, segundo, de aceitá-la, com a seguinte frase luminosa: Faça-se na escrava a vontade do Senhor.
A maioria dos seres da terra foge apavorada das lições espirituais mais preciosas de suas vidas. Deixamo-nos tomar por uma cultura do terror que situa os fantasmas como terríveis monstros que nos infernizam a vida. Pois o Espiritismo vei nos dizer que um dia seremos apenas fantasmas, pois todos iremos morrer e se viermos à Terra, com saudades ou tristezas, poderemos ser vistos como entes assustadores por aqueles a quem mais amamos. E o medo, pior ainda, o terror, são poderosas trancas que fecham as nossas almas para maravilhosas lições que o mundo espiritual nos tenta, o tempo todo, ensinar.
O que há em comum entre os reis magos, os pastores e Maria? E o que eles têm a ver conosco? Todos eles viviam vidas comuns, com atitudes comuns e o mundo espiritual se lhes abriu para transformar suas vidas com o momento mais especial não só de suas existências, mas nas de toda a história da humanidade. A luz se abriu para eles, no entanto, como se abre todos os dias para nós e não vemos. Para eles o resultado foi muito diferente porque suas atitudes foram muito diferentes daquelas adotadas pela maioria da humanidade. Por que num momento tão solene foram escolher uma adolescente simples, um carpinteiro humilde? Porque humildade e simplicidade são valores poderosos, capazes de nos abrir todas as possibilidades. Por que, entre dezenas de milhões de trabalhadores, centenas de milhares de estudiosos, somente aqueles seis homens presenciaram a poderosa aurora espiritual da humanidade? Porque suas atitudes devotadas e confiantes os tornaram os únicos seres capazes de aproveitar aquele precioso momento do mundo.
Também nesses nossos tempos críticos de transição planetária, como anunciado por Jesus, nós trabalhamos, estudamos, nos relacionamos, mas com que olhos, ouvidos, com que atitude?
Pois trinta e três anos depois daquela inesquecível noite, a Mudança veio à casa de duas irmãs. Jesus e seus seguidores vieram sem avisar e, nessa situação, quais seriam nossas preocupações e ações? Pois uma das irmãs, Maria, ficou sentada ao pé de Jesus ouvindo suas estupendas lições enquanto a outra limpava, arrumava, cozinhava, atrapalhadíssima, acabando por vir se queixar ao Mestre. Não te importas que só eu trabalhe? Diga a Maria que venha servir comigo! Pediu ela, obtendo como resposta: Marta, Marta, tu te perturbas com muitas coisas...  Maria escolheu a melhor parte e essa não lhe será tirada!
Vem agora nosso próprio mês especial, dezembro. Nesse mês, espíritos de luz em mutirão vêm à Terra e produzem o que se convencionou chamar de “espírito de natal”.  Uma espécie de Oasis no imenso deserto em que transformamos nossas vidas, uma brisa refrescante nesse terrível calor materialista que nos sufoca. Nessa época como que um perfume maravilhoso se espalha em todos os ambientes tentando instalar em nossas vidas um momento diferente, feliz, amoroso a nos incentivar a buscar a felicidade e o amor.
É mês de Natal e quais são nossas preocupações e ações? Presentes, preparações e comidas? A criança imediatista pensa o Natal em função dos presentes materiais. Vigia os embrulhos nas mãos dos convidados como se as pessoas não existissem, sequer os cumprimentando se seus embrulhos não trazem os brinquedos que tanto desejam. Os adultos materialistas pensam o natal em função dos empregos que, nessa época, efetivamente aumentam, sem perceber as oportunidades mais amplas que para eles se abrem. Pois, como disse Paulo, quando eu era menino agia e pensava como menino, mas agora que eu cresci penso e ajo como homem.
Quantos de nós estaremos vivendo com os olhos voltados ao mundo espiritual que se abre para nós de forma tão espetacular? Pois é ele, ele mesmo que bate à nossa porta nessa noite tão especial: Papai Noel? É ele que, através de seus iluminados emissários, nos vem trazer frescores, perfumes, presentes essenciais à nossa autotransformação. Nos quintais, crianças brincam imitando seus ídolos, assumindo seus nomes. E nós, o que faremos, quem seremos, Herodes ou Reis Magos, Marta ou Maria? Temos uma grande decisão a tomar.
Pois esse é o convite de todos os natais, mas muito especialmente do natal da transição planetária. Se você não se deixar amesquinhar pelos interesses, vaidades e mal entendidos produzidos pelo orgulho, você certamente se deixará envolver pelo espírito de natal e então, como aquele mesmo trabalhador que melhor desempenha suas funções durante o trabalho temporário, você poderá ser efetivado e ter harmonia e paz do mundo regenerado por toda a eternidade.  


( Publicado em http://www.redeamigoespirita.com.br)

Maurício de Araújo Zomignani é membro da Rede Amigo Espírita, assistente social por formação e um dos responsáveis pelo curso Aprendizes do Evangelho no Centro Espírita Semente de Luz em São Vicente - SP. Vem cumprindo a função de palestrista nesse e em mais uma dúzia de Centros das cidades de Praia Grande, São Vicente, Santos e Guarujá. Vem contribuindo, há mais de 20 anos, com artigos dos mais variados temas no maior jornal da região, com privilégio para a temática espiritualista.
E-mail:mauzomi@ig.com.br