terça-feira, 31 de julho de 2012

A DIETA QUE FUNCIONA


Luís Fernando Veríssimo

Cada semana, uma novidade. A última foi que pizza previne câncer do esôfago. Acho a maior graça. Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas, peraí, não exagere...

Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.

Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.

Prazer faz muito bem. Dormir me deixa 0 km. Ler um bom livro, faz-me sentir novo em folha.

Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas, depois, rejuvenesço uns cinco anos ! Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de ideias !

Brigar, me provoca arritmia cardíaca. Ver pessoas tendo acessos de estupidez, me embrulha o estômago !

Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano...

E telejornais... Os médicos deveriam proibir... como doem !

Caminhar faz bem, namorar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo, faz muito bem: você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.

Acordar de manhã, arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite, isso sim, é prejudicial à saúde.

E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda.

Não pedir perdão pelas nossas mancadas, dá câncer, guardar mágoas, ser pessimista, preconceituoso ou falso moralista, não há tomate ou muzzarela que previna!

Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau !

Cinema é melhor pra saúde do que pipoca.

Conversa é melhor do que piada.

Exercício é melhor do que cirurgia.

Humor é melhor do que rancor.

Amigos são melhores do que gente influente.

Economia é melhor do que dívida.

Pergunta é melhor do que dúvida.

Sonhar é o melhor de tudo e muito melhor do que nada !

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Anotações de amigo

Você pede rumo certo Para o caminho em que avança; Mas você mesmo é quem guarda Sua própria segurança.
Obrigação, que se abraça, Tem força de compromisso. Em favor de sua paz Não tente esquecer-se disso.
Proteja o corpo em que vive Para as tarefas do bem; O lavrador que produz Preserva a enxada que tem.
Transforme o tempo em serviço, Lembrando, em linhas gerais, Que a vida volta no tempo, Mas o tempo, nunca mais.
Conserve constantemente Verbo limpo e mente sã. O que possa fazer hoje Não deixe para amanhã.
No socorro aos semelhantes, Cooperação é dever; A consciência tranqüila Não tem questões a temer.
Cada aluno está na escola Para a lição, tal qual é. Perante ofensas, perdoe: Perante lutas, mais fé.
Ante amarguras, trabalhe; Se há provações a transpor, Nas sombras que se avolumam, Trabalhe com mais amor.
Olvidar-se e ser mais útil Dissolve qualquer pesar. Para a bênção de servir Nunca se faça esperar.
Estude, eleve, construa E nada fará em vão. Recorde: a luz da verdade Não conhece oposição.

Chico Xavier e Casimiro Cunha

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Testamento de uma avó

 Para Luisa, Maria e Sofia 

Mais um dia de comemoração que chega sem alarde e sem o apelo comercial: "Dia dos Avós"! Li algumas mensagens na internet e fiquei pensando em como as coisas mudaram! Pensei nas minhas avós, aparentando muito mais idade, comum naquela época, seus cabelos brancos, como toda avó que se prezasse. Uma eu se quer lembro a fisionomia, pois desencarnou quando eu ainda era muito pequena. A outra partiu desta vida quando eu era adolescente. Mas, lembro-me bem de como ela era. Havia ficado cega, mas, enxergava muito mais do que quem tinha dois olhos perfeitos. Convivi pouco com elas, pois moravam na roça e não tínhamos as facilidades de transporte de hoje. Mas, o suficiente para poder fazer uma comparação.

A figura da avó não é mais daquela mulher que descansa numa cadeira de balanço, faz crochê ou prepara bolinhos à tarde.  Elas são mamães duas vezes, são a voz da experiência, algumas cozinheiras de mão cheias. Muitas ajudam na educação dos netos, cuidam deles na ausência dos pais e fazem de tudo para se aproximar e dar carinho. Elas agora são modernas, mergulham nas ondas da internet, respondem e-mail, entram em redes sociais como o Facebook, se relacionam com outros avós ou mesmo se utilizam desta ferramenta para trabalhar e ganhar o sustento, como é no nosso caso.

Alguns avós têm o privilégio de ter netos por perto dando e recebendo carinho. Ensinando e aprendendo com eles. Eu não tenho esta sorte, pelo menos por enquanto, minhas  três netinhas estão a quilômetros de distância. Assim, como não posso abraça-las e falar das minhas experiências, vou transcrever aqui um texto, do qual desconheço o autor, que transmite exatamente os meus sentimentos neste momento. "Testamento de uma avó".

"Quero lhes dizer, queridos netos, o que vale a pena.
- Vale a pena crescer e estudar.
- Vale a pena conhecer pessoas, ter namorados e namoradas, sofrer ingratidões, chorar algumas decepções e, apesar de tudo isto (ou por causa de tudo isto), ir renovando todos os dias sua fé na bondade essencial da criatura humana e o seu deslumbramento diante da vida.

- Vale a pena verificar que não há trabalho que não traga recompensa, que não há livro que não traga ensinamento, que os amigos têm mais para dar que os inimigos para tirar, que, se formos bons observadores, aprenderemos tanto com a obra do sábio quanto a vida do ignorante.

- Vale a pena ver que toda a amargura nos deixa reflexão, toda tristeza nos deixa a experiência e toda alegria nos enche a alma de paz.

- Vale a pena casar e ter filhos. Filhos que nos escravizam com seu amor e nos concedem a felicidade de tê-los junto a nós e vê-los crescer. Filhos que, ao crescerem um pouco, já discutem conosco, acham que sabem bem mais que nós (e às vezes sabem mesmo) e nós aprendemos com eles.

-Vale a pena viver estes assombrosos tempos modernos em que os milagres acontecem ao virar de um botão, em que se pode telefonar da terra para a lua, lançar sondas espaciais, máquinas pensantes, à fronteira de outros mundos. E descobrir que toda essa maravilha tecnológica não consegue, entretanto, atrasar ou adiantar a chegada da primavera.

- Vale a pena viver, mesmo com todas as limitações a que o ser humano está sujeito, quando lembramos que o surdo vê a luz do sol, que o cego ouve a música das coisas, que o mendigo sonha com as estrelas, que não precisamos de todos os sentidos para participar do esplendor da criação.

- Vale a pena mesmo sabendo que vocês verão coisas que eu nunca vi, assim como vejo coisas que meus pais não viram, e meus pais viram coisas que meus avós não viram.

- Vale a pena, certamente - o saber acumulado dos cientistas e especialistas que revelarão coisas que a mim não foram reveladas. Pode ser que vocês conheçam seres vindos de outros planetas, o que para mim é teoria e especulação, assim como a televisão e outras invenções foram teoria e especulação para meus avós já falecidos.

- Vale a pena, mesmo quando vocês descobrirem que tudo isso que estou mencionando é de pouca valia, porque a teoria não substitui a prática e cada um tem de aprender por si mesmo que o fogo queima, que o vinagre amarga, que o espinho fere e que o pessimismo não resolve rigorosamente nada.

- Vale a pena até mesmo envelhecer como eu e ter netos como vocês, que me devolveram a infância e a juventude.
- Vale a pena mesmo que eu parta e suas lembranças de mim se tornem vagas. Mas quando outros disserem coisas boas de seus avós, espero que vocês possam dizer de mim simplesmente isto:
"Minha avó foi aquela que me disse que valia a pena....E não é que ela tinha razão?"

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O que é ser manso e pacífico?

Muitos acreditam que ser manso e pacífico é estar predisposto a aceitações permanentes das intempéries naturais que a existência possa oferecer ao indivíduo. Acreditam ainda que ser manso e pacífico é ser subserviente a qualquer proposta, sem relutar, reclamar, propor, modificar.

Vejamos o exemplo de Jesus: Ele andou como um homem simples em meio a um povo cheio de lágrimas, opulências e maldades. Em momento algum deixou de ser o espírito altaneiro e virtuoso que é. Sua mansuetude encanta a todos que estuda Suas lições, comportamentos e propostas. A paz que Ele transmitiu referenda toda a Sua mensagem e ações. Assim sendo, ser manso e pacífico tem outros atributos que precisam ser pesquisados.

A mansidão, segundo os dicionários, é a brandura de índole, mas também é atributo do gênio. Um espírito genial não necessita sobrepor-se a nada ou a ninguém para mostrar suas qualidades. Elas são suas marcas, seus aparatos, seu espelho. A serenidade lhes é peculiar, pois sabem dar o passo certo para o local exato. Sabem esperar, sabem propor, sabem praticar seus misteres com tranquilidade porque conscientes de si mesmos. Os gênios são aqueles que já romperam as barreiras do ego inferior e buscam com permanência os status superiores do existir, permitindo igualmente que o irmão ou irmã ao lado faça o mesmo. Neles busca seus pares, semelhantes que lhe possa enriquecer numa espetacular projeção de crescimentos do self. Olha o mundo não como uma gaiola de loucos ou uma jaula para humanos e sim como uma feliz oportunidade de manipular todas as informações contidas na natureza e suas leis. O manso olha para a tempestade em fúria e vê nela a ação do puro se fazendo. Olha para o fogo abrasador de um incêndio e vê nele a restauração de um ouro perdido, presto a modificações salutares e revitalizadoras.

O manso não é aquele que deita numa rede de balanço e olha para o céu como um ser estático perante a grandiosidade cósmica. Se deita numa rede o faz para meditar enquanto se enriquece das presenças dos raios que emanam de Deus através da Sua Augusta e perene criação. O manso não é aquele que aceita propostas indecorosas para manter-se vivo perante as modalidades fétidas e passageiras de ações infelizes impetradas por espíritos belicosos que nada produzem de útil para a sociedade. Antes, sugam dela seus legítimos direitos, envolvendo-se em deveres atrozes que lhes cobrarão ações hercúleas num futuro. Muitas vezes em dores lancinantes da culpa, do arrependimento, através torturas físicas e morais difíceis de serem descritas.

O manso entende que o dinamismo próprio para as solturas espirituais demanda tolerância, indulgência e bondade. Assim ele se estabelece como um ser em busca da sua própria plenitude. Somente o ser pleno consegue atingir os atributos da reta consciência. Pela questão 615 de “O Livro dos Espíritos” somos informados de que a Lei de Deus é eterna e imutável. Enquanto não a praticamos sofremos as injunções das nossas rebeldias. Sabemos hoje que somente a prática do bem e a consciência reta podem nos garantir os avanços à plenitude espiritual. Sem mansuetude isto é impossível. Sem mansuetude nossos olhares continuarão travessos; nossas mãos, garras perigosas, nossos pés buscarão trilhas e escarpas ao invés de caminhos. A mansuetude é luz que guia que promove o indivíduo a patamares onde as observações podem ser feitas com maiores profundidades. Na mansuetude respiramos ares benfazejos porque nos é possível seleciona-los sem atropelos. Na mansuetude os esgares cedem espaços a tudo que é convicto porque pensado com parcimônia. Somente na mansuetude é possível buscar nos seres e propostas seus reais valores e credibilidades. Por isto o gênio é manso.

Na cadência mansa do cordeiro Jesus estabeleceu Seu aprisco. Na cadência mansa dos astros a rolarem peremptórios pelos espaços cósmicos, Deus estabeleceu a Casa para morada dos Seus filhos. Na cadência feliz dos espíritos que se auto descobrem a centelha divina vai se expandido, enriquecendo o indivíduo, tornando-o livre. O espírito livre vê mais distante, vê as entrelinhas, vê as essências – fundamentos primeiros das coisas e causas, tornando-se diferenciado, respeitado, um dínamo propulsor do progresso, genial! Sabe de antemão que o orgulho e o egoísmo representam o maior obstáculo ao progresso. E reunidos criam no ser um estado de inconstância e apreensões, medos e inseguranças que o fazem retrógrado, muitas vezes avançado intelectualmente e estirado num lamaçal no campo da moralidade. Isto não é plenitude que promove a mansuetude. São desvarios que promovem guerras internas e externas.

O manso sabe que o entrelaçamento dos valores intelectuais e morais promovem a corrente do bem e avança por ele e, através dele, atinge os cumes dos seus ideais para entendê-los além numa feliz sucessão de probidades espirituais. Sabe que os bens terrenos são apenas passageiros e não conduzem os seres aos próprios “vir-a-ser” de excelências. Ele estudou a questão 785 de “O Livro dos Espíritos” e aprendeu que a humanidade ainda não atingiu o apogeu da perfeição, mas que ela é perfectível, portanto, ele próprio é um ser perfectível por pertencer à raça humana.

E o ser pacífico, quem seria ele? Um pregador ermitão morando nas alturas do mundo, confortando almas em desalinho que de quando em vez o procura? Ou um intérmino dialogador silencioso conversando infinitamente com os vegetais numa atitude quase ante social? Seria um andarilho de cajado liso a andar pelas estradas à procura do seu “eu” superior? Seria ainda o mediador das contendas a promover as bondades em meias partes iguais? Afirmamos que o ser pacífico é maior e mais aparelhado dinamizador do progresso real da humanidade. Passividade não representa compassividade para com o erro ou o atraso moral e intelectual de quem quer que seja e em qual civilização for. Há um provérbio chinês que diz: “Em plena paz deves agir com intensa atividade e, em intensa atividade, deves agir com intensa paz”. Um é perfeito corolário do outro. Um complementa o outro. O pacífico é, pois aquele que vislumbra o belo e a perfeição, a face do bem em todas as moedas que encontra pelo caminho. Sabe das temporalidades dos eventos. Sabe das distorções promovidas pelos incautos, sabe das propostas promissoras ao surgimento de novas alianças com a luz. Somente o pacífico pode ver a luz. Somente o pacífico pode agir com justiça, solidariedade e amor pelas pessoas e circunstâncias. Porque somente naquele estado as intuições saudáveis podem penetrar-lhe o ser buscando suas profundidades de filho de Deus.

Por isso que Jesus disse: “Felizes são os mansos e os pacíficos porque eles herdarão a Terra”. Ver em Mateus Cap. 5 Vv.  4 e 9. E que Terra eles herdarão? Juntemos aqui outra palavra do Mestre Jesus: “Meu Reino ainda não é deste mundo”. Ver João Cap. 18 Vv. 33 a 37. Ora, Ele estava defronte Pilatos ali representando o poder temporal. O mesmo poder que todas as nações do mundo estabelecem ainda hoje como critérios de representatividades. Roma era o máximo. Isto, na pura concepção da transitoriedade. Jesus O representante do Poder Divino que rege toda a Criação através das suas leis imutáveis porque absolutamente justas. Roma e Jesus o mesmo que os reinos atuais e o Reino Futuro. No Reino de Jesus os brandos e os pacíficos aprendem com Ele, convivem com Ele, trabalham para Ele. Gradativamente a Terra vem sendo saneada pelas propostas da mansuetude e da paz. Cada gênio que aqui nasce ou renasce estabelece novas diretrizes, novos caminhos, criando pilares para que o projeto do Senhor desta humanidade possa, enfim, estabelecer-se nos sítios inferiores do planeta Seu reinado é de eficácia e luz, liberdade para todos e responsabilidade aliada. Assim, os murros, socos, pontapés, lixos orais ou grafados, atividades bélicas, corrupções, negociatas, infidelidades, drogas lícitas ou não, mentiras e um sem conta de propostas e comportamentos, filhos eficientes do orgulho e do egoísmo, estão com seus dias contados neste mundo. Como no futuro não haverá cidades fantasmas, esses agêneres infelizes terão que ser remanejados. Para onde? Para onde suas consciências indicarem, suportar e aninhar dentro dos seus propósitos de egos inflados ou subservientes.


        Guaraci de Lima Silveira 

domingo, 22 de julho de 2012

Mande a culpa embora e seja feliz!

O que você tem feito pela sua felicidade? Você acha que merece ser feliz? Que bom se a resposta a essa última pergunta é um “sim” óbvio. Você deve saber que ainda há muita gente que sente culpa por se sentir feliz. Com isso, seus momentos de felicidade nunca são completos.

Eu afirmo que existem momentos de felicidade completa. Não me venha argumentar com a felicidade dos anjos, que é incomparável com a nossa. Não estou falando em anjos (ou espíritos puros, para o espiritismo), estou falando em nós; em mim, em você, em nossos próximos. Eu mesmo, de vez em quando, vivo momentos em que não falta nada para que os chame de felizes. Você também, provavelmente.

As pessoas têm me perguntado frequentemente se eu pratico tudo o que escrevo. É claro! Se fosse para escrever algo que não sigo, ou que não acredito, escreveria ficção! Se me perguntarem se tudo está sempre ótimo pra mim, se estou sempre sorridente e tranquilo, a resposta será diferente… Somos aprendizes, todos nós. O que nos diferencia uns dos outros é a persistência em praticar o que se sabe ser verdadeiro.
O que é inegável é que há algumas condições propiciadoras da felicidade. Condições que nos predispõe mais facilmente à felicidade. O trabalho, a sensação do dever cumprido, fazer o que se sabe que deve ser feito. Sem o preenchimento desses itens, você pode passar a vida no topo de uma montanha em posição de lótus e dizendo “om” que não vai adiantar nada.

Por outro lado, mesmo que se cumpra com esses requisitos básicos, há alguns impedimentos. O maior deles, sem dúvida alguma, é a culpa. E a culpa merece alguns parágrafos à parte.

O sentimento de culpa adia indefinidamente qualquer possibilidade de ser feliz. Sentir culpa é não aprender com os próprios erros, não tirar lições dos equívocos cometidos. Todos erram, faz parte do processo de aprendizado. Fico muito contente quando encosto a cabeça no travesseiro e constato que não cometi nenhum erro grave durante o dia. É motivo de comemoração íntima. Mas os erros, assim como os acertos, tem a função de nos ensinar. Tudo, na passagem pela matéria, é oportunidade de aprendizado. Quando não conseguimos aprender com os erros surge o sentimento de culpa.

Não adianta nada ficar lamentando pelo erro cometido. Ficar choramingando e se lamuriando só agrava a situação. Errou? Que pena! Vai chorar por isso? Espere pra chorar quando conseguir reparar ou compensar o erro cometido. Chore de alegria, chore de gratidão pela infinita misericórdia de Deus, que sempre lhe oferece novas oportunidades na vida. O que é a reencarnação senão uma nova oportunidade? Não é a culpa que vai resolver seus conflitos internos. Só o que você consegue com a culpa é a paralisação e a perda de energias.

A busca é incessante. Se deixarmos de buscar, se pararmos de nos esforçar, tudo pára, tudo fica estagnado. Você não pode parar, você é espírito imortal perfectível, você é muito mais do que consegue imaginar. Nesse processo de busca é preciso estar sempre aberto para novos conhecimentos, novas possibilidades. Quantas vezes você já constatou que as coisas não são exatamente como você pensava?

Ame! Ame aos outros, mas ame primeiro a você mesmo! Você é digno de todo o amor do mundo! Seja mais tolerante com você, reconheça suas limitações. Nenhum de nós vai virar São Francisco da noite para o dia. Não podemos deixar de tentar a reforma íntima nunca, em nenhum momento, mas a cobrança interna tem que estar de acordo com nossas possibilidades. De que adianta se sentir culpado pelo que você fez ou deixou de fazer? Tudo o que você planta, você colhe. Mas a colheita dos erros não quer dizer castigo. Ninguém está aqui pra sofrer. O sofrimento é a última alternativa de aprendizado. Não é a norma. A norma é aprender com tranquilidade.

Se você eliminar a culpa e se propor a aprender com os erros, verá que o universo conspira a seu favor. Você já ouviu isso em algum lugar, né? Eu já ouvi e li isso muitas e muitas vezes. Custei a acreditar que a verdade fosse tão simples… Tudo bem, tive uma ou duas décadas mais trabalhosas que o necessário, mas tudo bem. Está em tempo de ser feliz. (http://www.espiritoimortal.com.br)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A carne é fraca


Quando alguém procura uma desculpa para justificar suas fraquezas, é comum ouvirmos a afirmativa de que a carne é fraca.
A culpa, portanto, é da carne, ou seja, do corpo físico.
Esse é um assunto que merece mais profundas reflexões.
Hahnemann, criador da Medicina Homeopática, fez a seguinte afirmativa:
O corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. A não ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade?
Sábia consideração essa, pois encerra grandes verdades.
Culpar o corpo pelas nossas fraquezas equivaleria a culpar a roupa que estamos usando por um acesso de cólera.
Quando a boca de um guloso se enche de saliva diante de um prato apetitoso, não é a comida que excita o órgão do paladar, pois sequer está em contato com ele.
É o Espírito, cuja sensibilidade é despertada, que atua sobre aquele órgão através do pensamento.
Se uma pessoa sensível facilmente verte lágrimas, não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao Espírito, mas precisamente a sensibilidade desse que provoca a secreção abundante das lágrimas.
Assim, um homem é músico não porque seu corpo seja propenso à musicalidade, mas porque seu Espírito é musicista.
Como podemos perceber, a ação do Espírito sobre o corpo físico é tão evidente que uma violenta comoção moral pode provocar desordens orgânicas.
Quando sofremos um susto, por exemplo, logo em seguida vem a sudorese, o tremor, a diarréia, etc.
Outras vezes, um acesso de ira pode provocar dor de cabeça, taquicardia, e até mesmo deixar manchas roxas pelo corpo.
Quanto às disposições para a preguiça, a sensualidade, a violência, a corrupção, igualmente não podem ser lançadas à conta da carne, pois são tendências radicadas no Espírito imortal.
Se assim não fosse, seria fácil, pois não teríamos nenhuma responsabilidade pelos nossos atos, desde que, uma vez enterrado o corpo, com ele sumiriam todas as fragilidades e os equívocos cometidos.
Toda responsabilidade moral dos atos da vida física competem ao Espírito imortal. Nem poderia ser diferente.
Assim, quanto mais esclarecido for o Espírito, menos desculpável se tornam as suas faltas, uma vez que, com a inteligência e o senso moral, nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto.
* * *
Todos nós, sem exceção, possuímos na intimidade a centelha divina, a força capaz de conter os impulsos negativos e fazer vibrar as emoções nobres que o Criador depositou em nós.
Fazendo pequenos esforços conquistaremos a verdadeira liberdade, a supremacia do Espírito sobre o corpo. E só então entenderemos porque Jesus afirmou: Vós sois deuses, podereis fazer o que Eu faço, e muito mais.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. VII do livro O céu e o inferno,
de Allan Kardec, ed. Feb e no livro Hahnemann, o apóstolo da
medicina espiritual, de Hermínio C. Miranda, ed. Celd.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Provações de Surpresa

Inquietações na Terra existem muitas.

Temos as que se demoram junto de nós, ao modo de vizinhos de muito tempo, nos desgostos de parentes e amigos, cujas dores nos pertencem de perto.

Encontramos as que nos povoam o corpo, na categoria de enfermidades crônicas, quais inquilinos indesejáveis.


Assimilamos aflições de tipos diversos, como sejam as declaradas e as imanifestas, as injustificáveis e as imaginárias, cujo tamanho e propagação dependem sempre de nós.

Há, porém, certa modalidade com que raramente contamos. São aquelas que nascem do imprevisto.

Deflagraram, por vezes, quando nos acreditávamos em segurança absoluta.

Caem à feição de raio fulminativo retalhando emoções ou desajustando pensamentos.

São as notícias infaustas:
- os golpes morais que nos são desferidos, não raro, involuntariamente, pelos que mais amamos;
- os desastres de conseqüências indefiníveis;
- os males súbitos que nos impelem para as raias das grandes renovações.

Não podemos esquecer estas visitas que nos atingem o coração sem qualquer expectativa de nossa parte.

Compreendamos que, em freqüentes episódios da existência, estamos na condição de aluno que estuda semanas e meses e até mesmo anos inteiros, a fim de revelar a precisa habilitação num exame de ligeiros instantes.

Entendamos que, numa hora de crise, não são o choro e nem a emotividade as posições adequadas, e sim a calma e o raciocínio lógico, para que possamos deter a incursão da sombra.

Para isso, entesouremos serenidade. Serenidade que nos sustente e nos ajude a sustentar os outros.

O imperativo de oração e vigilância não se reporta somente às impulsões ao vício e a criminalidade, mas também aos arrastamentos, ao desequilíbrio e à loucura a que estamos sujeitos quando não nos preparamos para suportar as provações de surpresa, sejam em moldes de angústia ante os desafios do mal ou em forma de sofrimento para a garantia do bem.


pelo Espírito André Luiz
Do livro: Estude e Viva, Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Por que somos tão críticas?

Gisela Campos
 Nesta terca-feira esbarrei por acaso em uma realidade paralela. Bem que um amigo uma vez tinha me avisado: “existem três mundos: o mundo dos homens, o mundo das mulheres e o mundo dos dois juntos!”.

Pois na última terca-feira derrapei para o mundo dos homens. Logo cedo, enquanto esperava o inicio de uma reunião, fui fazer hora tomando um café com um cliente amigo com quem já trabalho há algum tempo. Tempo este que nos permitiria confidências nas quais mergulhou meu cliente: “não sei mais o que fazer: tudo que eu faço parece errado pra minha mulher.” E continuou: “basta eu entrar pela porta que começo a ouvir criticas: não ajudo a dar banho nas crianças, não propus jantar fora sábado a noite, não levei ela pra Itália como meu cunhado fez com a irmã dela, não lembrei da reunião de pais, não fiz dieta durante a semana, enfim…, acho que eu faço tudo errado!”

Confesso que olhei penalizada para meu amigo. O ar perdido, a barriguinha de quem realmente não faz dieta durante a semana, o café na mão e o desalento me davam vontade de consolá-lo: “não liga, não, as mulheres reclamam mesmo…” Mas ele mal me ouvia e falava quase sozinho: “preciso me esforçar mais!”. Juro que me deu pena. Mas nos chamaram para a reunião e o assunto morreu ali. Na volta pro escritório, entro num taxi. O celular do motorista começa a tocar. Ele não atende. Toca de novo. Ele não atende. Toca de novo.
Eu não me controlo: “Não seria melhor atender?”.

Ele: “Nada! Isso e minha mulher procurando briga! Ela passa o dia me ligando pra ver o que que eu tou fazendo de errado!”.

Repliquei brincando que “algum motivo ela deve ter pra ficar na tua cola desse jeito!”
Foi aí que ele desmontou: “Olha, vou lhe dizer uma coisa: eu passo 12 horas do meu dia nesse taxi pra voltar pra casa e ouvir essa mulher me encher a cabeça: tudo que eu faço ta errado pra ela!”
Fiquei muda no banco de trás. E ele continuou: “tudo ela bota defeito, nunca nada ta bom”. Foi quase automático lembrar da conversa com meu cliente, mais cedo.

Cheguei ao escritório desejando paciência para o motorista. Quando já tinha quase esquecido o assunto, fui almoçar com uma amiga que, ao se sentar na mesa, começa: “meu namorado me disse que sou muito critica! Eu? Critica? Você me acha muito critica?”

A terca-feira passou pelo Brasil, cumprindo seu destino: à noite voltaram para suas casas meu cliente, o motorista de taxi, minha amiga e o namorado dela. Não imagino como tenham amanhecido a quarta-feira, mas neste domingão fica a pergunta: por que somos tão criticas? O que queremos dos homens? Afinal, o que procuramos: um companheiro ou um “funcionário”? Ainda sonhamos com o príncipe encantado no lugar do homem de carne e osso, cheio de defeitos?

Dá-me a impressão de que o sonho do príncipe encantado perfeitinho, sem erros, que joga o lixo fora, dá banho nas crianças e ainda nos leva para a Itália continua dentro de nos, em pleno novo milênio, mais forte do que pensamos. Será isto?
Aguardo comentários e desejo a todos um domingo mais leve, mais tolerante e, se tudo correr bem, menos crítico.
Leia aqui outros textos da autora

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sua Conduta Comportamental

      Nestes dias de hoje, você ao fazer uma análise do comportamento humano nas áreas sociais, religiosas e até familiar, sem muita dificuldade irá perceber a lacuna que existe entre o fazer e o exigir que outros façam por você. O proceder de algumas personalidades no “Movimento Espírita” ganha um misto de “autoridade” mais imposta pelo “tempo de casa” do que pela ASSIMILAÇÃO correta do Espiritismo em suas bases consoladoras. Você já deve ter percebido que no Evangelho de João encontramos  o seguinte:
      “Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” (João, XIV: 15 a 17 e 26)  
      Não sei se você notou, mas tenho percebido uma grande confusão no meio espírita com relação ao JULGAMENTO da vida alheia, e isso muitas vezes parte de quem menos se espera, ou seja, de pessoas que apresentam uma vasta gama de conhecimentos, tecerem comentários negativos ou até fazendo campanhas contra “fulano” ou “beltrano”, esquecendo completamente da Indulgência, Benevolência e Perdão. Basta dar uma olhadinha em seu livro dos Espíritos na questão 886, que você irá se deparar com esta proposta em relação à caridade compreendida por Jesus.
      Algumas pessoas têm confundido Consolador com Condenador, fazendo julgamento da vida alheia como se fossem juízes da Divindade. Uma hora é um trabalhador que se separou e ganha a crucificação de ser malhado ou até impedido de fazer algo, mas ninguém quer saber primeiro o motivo da separação... Outra hora, é alguém que está obsediado, simplesmente por não compactuar com as supostas ideias pessoais do Presidente da casa, logo é afastado dos trabalhos...
      Não recordo em nenhum momento de Jesus condenar alguém, sempre apontava “O CAMINHO” e nunca deixava o equivocado para baixo, em várias passagens Ele fechava o Atendimento dessa forma: “Vá e não tornes a pecar”.
      Esse “vá”, não lhe parece ser mais uma oportunidade do que um julgamento? Acredito que sim. Jesus estaria dizendo a mim e a você “Ei! vá lá, faça as pazes consigo mesmo, força viu?”, e ainda apresenta a vacina para não ser pego novamente em ato imprudente quando diz: “Não tornes a pecar”. Aqui você percebe que Jesus estava mostrando a estrada correta para sua evolução, para evitar os dissabores ou as intempéries e consequências de seus resultados ruins.
      Lembre-se que aquilo que faz questão de expor dos outros, pode ser seu grande segredo. Sem fazer nenhuma crítica, mas apenas observações, procure observar sua conduta pessoal se está de acordo com a consolação ou se você está conjugando o verbo errado, condenado àquele que cai em vacilação. Se somos seguidores de Jesus, precisamos exercer mais compreensão e tolerância para com os equívocos alheios, assim como os Benfeitores têm para conosco... O Espiritismo não é o Cristianismo redivivo?
      Diz um adágio popular que a “ocasião faz o ladrão”, mas prefiro acreditar que a ocasião faz o bom cidadão!
      Ao ler esse texto, você se sentiu condenado ou consolado?
*Célio Faria
*Célio Faria da Silva é Psicoterapeuta Holístico, Escritor, Coach, Palestrante Motivacional e pesquisador do comportamento humano.
Orador, escritor e trabalhador espírita da Sociedade Guarapari de Estudos Espíritas
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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Silêncio Interior


Há muito ruído, muita perturbação no mundo.
Na confusão estabelecida, as criaturas se agitam, se agridem, se desgastam.
Degeneram os ideais superiores, por falta de suportes morais; desencantam-se os lidadores entusiastas, por lhes faltarem cooperação; desistem ativistas das boas obras, por fenecerem as forças desgovernadas pelos choques enfrentados.
Como efeito, o desequilíbrio arma os corações de suspeita e medo, produzindo uma legião de infelizes.
A onda cresce e a bulha aumenta.
As harmonias cedem lugar aos sons de altos decibéis e as mentes em descompasso adotam ritmos alucinados.
Muita falta faz o silêncio no mundo.
Silêncio em derredor; silêncio interior.
Silêncio que propicie calma; silêncio que faculte reflexão.
O silêncio é fundamental para o equilíbrio fisiopsíquico do homem.
Atua como terapia refazente; é estimulo à renovação.
Fala-se muito, demasiadamente, sem necessidade. E os temas são frívolos, queixosos, lamentáveis.
Mediante o falatório desenfreado, eliminam-se toxinas que são reabsorvidas e produzem envenenamento geral.
Os comentários pessimistas, dissolventes, aleivosos, apenas deslustram, desarticulam, enfermam.
Necessário fazer silêncio para pensar, para agir.
Sem reflexão anterior, a ação torna-se precipitada, resultado de impulso incontrolado, normalmente malsucedida.
O silêncio contribui para a harmonia geral.
É também uma forma de respeito ao direito do outro.
Silêncio não significa falta de conversação, na acepção que desejamos dar. É ausência de gritaria, não de diálogoo fraterno e iluminativo.
Nasce na paz interna e externa-se como cooperação em favor das demais pessoas.
Para ser eficiente no exterior, é preciso que seja habitual no mundo íntimo do homem.
Acostuma-te a fazer silêncio mental, harmonizando-te interiormente, cultivando idéias saudáveis que resultem em construções felizes.
Concentra-te em pensamentos bons e edificantes, de modo a fixares as idéias melhores. Habituado a tal conduta, evoluirás da concentração à meditação e desta à paz real.
Quietação nem sempre é silêncio.
Há a quietude pantanosa, que guarda miasmas e morte para os incautos que se iludem com a sua aparência.
Mantém a serenidade como resultado do hábito de silenciar a futilidade e as reações negativas, e como reflexo da conquista do teu autoconhecimento.
Jesus, em silêncios homéricos, ensinou, falando o suficiente para a felicidade do homem, demonstrando, sem palavras, a própria grandeza, enquanto outros, atribulados, por muito se permitirem os excessos da palavra, vieram a perder-se.


Joanna de Ângelis  &  Divaldo Franco
Livro: Momentos de Esperança