Houve
um tempo na terra, um tempo absolutamente fantástico no qual, em cumprimento de
profecias longamente anunciadas, ocorreriam enormes transformações. Profetas
muito respeitáveis e antigos tinham anunciado que, nesse tempo, profundas
limpezas seriam realizadas. Esse tempo em que vivemos não é assim? Em 2012,
profecias muito antigas que falam justamente em momentos de profunda transição
na terra entre eras muito diferentes foram erradamente interpretadas e se
pensou que o mundo iria se acabar. Como sempre a morte, que é transformação,
foi interpretada como fim e quase ninguém entendeu. Entre os que
entendem, resta, soberana a grande questão: como devemos agir na Transição?
Aquele
tempo nos oferece modelos que nos devem fazer refletir. Um deles, Herodes,
representa todos os que estão acomodados, em nichos grandes ou mesquinhos de
poder. Quem se julga no poder, por cima, quer mudanças? Herodes, apavorado com
a mudança, mandou matar a mudança, anunciada como uma criança de zero a dois
anos, mandando passar a fio de espada todas as crianças com essa idade. Como
nós agimos com a mudança, com essa mudança que vem na roupagem da dor? Pedimos,
imploramos pelo seu afastamento, pela sua eliminação, tentamos também matar a
mudança. Mas será esse nosso melhor modelo?
Naquele
mês fundamental, havia gente que estudava. Mas naquele tempo, tanto quanto neste
em que vivemos, quase a totalidade da terra vive a vida sem refletir, e acaba
passando a vida sem viver. Entre os que estudavam a vida não apenas refletindo,
mas ouvindo os sábios e, principalmente, tentando ver os sinais da vida havia
três, apenas três entre milhões, que estudavam a vida com as vistas voltadas
para o céu. E foi assim que souberam dos anúncios, que perceberam o sinal que
veio, creram nele, seguiram-no e foram os únicos três estudiosos a estar no
mais importante lugar do mais importante momento da Terra. Nós também
estudantes, também num mês especial, estaremos com nossas vidas voltadas ao
alto?
Naquela
noite, muitos milhões de pessoas trabalham. A quase totalidade de nós
trabalhamos fechados em nós mesmos, pensando nos ganhos, nos cargos, no
destaque. Aqueles, no entanto, trabalhavam na seara do Senhor, em meio a um
labor comum mas, com sua atitude, sua atividade tornava-se um hino de louvor a
Deus. E foi assim mesmo que ouviram cânticos, viram os
mensageiros, creram na mensagem que dizia da grande transformação, e
conseguiram ser os únicos três trabalhadores que assistiram o mais importante
fato histórico da terra. Entre os bilhões de trabalhadores de nossos tempos,
quantos trabalharão assim?
Meses
antes, uma jovem muito nova, uma noiva que estava prestes a se casar soube que
estava grávida. Eram tempos de muita opressão e vigilância contra a mulher e
uma noiva que engravidasse antes do tempo seria repudiada, expulsa, rejeitada
por todos. Ela sabia que não estava grávida do seu noivo, o que agravava muito
mais sua situação. Mas a notícia, segura, era que esperava um filho, e que seu
filho seria o centro de toda a grande transformação que se iria operar na
Terra. Terrível sua situação. Pois ela teve a confiança extrema de, primeiro,
acreditar na mensagem, segundo, de aceitá-la, com a seguinte frase luminosa:
Faça-se na escrava a vontade do Senhor.
A
maioria dos seres da terra foge apavorada das lições espirituais mais preciosas
de suas vidas. Deixamo-nos tomar por uma cultura do terror que situa os
fantasmas como terríveis monstros que nos infernizam a vida. Pois o Espiritismo
vei nos dizer que um dia seremos apenas fantasmas, pois todos iremos morrer e
se viermos à Terra, com saudades ou tristezas, poderemos ser vistos como entes
assustadores por aqueles a quem mais amamos. E o medo, pior ainda, o terror,
são poderosas trancas que fecham as nossas almas para maravilhosas lições que o
mundo espiritual nos tenta, o tempo todo, ensinar.
O que
há em comum entre os reis magos, os pastores e Maria? E o que eles têm a ver
conosco? Todos eles viviam vidas comuns, com atitudes comuns e o mundo
espiritual se lhes abriu para transformar suas vidas com o momento mais
especial não só de suas existências, mas nas de toda a história da humanidade.
A luz se abriu para eles, no entanto, como se abre todos os dias para nós e não
vemos. Para eles o resultado foi muito diferente porque suas atitudes foram
muito diferentes daquelas adotadas pela maioria da humanidade. Por que num
momento tão solene foram escolher uma adolescente simples, um carpinteiro
humilde? Porque humildade e simplicidade são valores poderosos, capazes de nos
abrir todas as possibilidades. Por que, entre dezenas de milhões de
trabalhadores, centenas de milhares de estudiosos, somente aqueles seis homens
presenciaram a poderosa aurora espiritual da humanidade? Porque suas atitudes
devotadas e confiantes os tornaram os únicos seres capazes de aproveitar aquele
precioso momento do mundo.
Também
nesses nossos tempos críticos de transição planetária, como anunciado por
Jesus, nós trabalhamos, estudamos, nos relacionamos, mas com que olhos,
ouvidos, com que atitude?
Pois
trinta e três anos depois daquela inesquecível noite, a Mudança veio à casa de
duas irmãs. Jesus e seus seguidores vieram sem avisar e, nessa situação, quais
seriam nossas preocupações e ações? Pois uma das irmãs, Maria, ficou sentada ao
pé de Jesus ouvindo suas estupendas lições enquanto a outra limpava, arrumava,
cozinhava, atrapalhadíssima, acabando por vir se queixar ao Mestre. Não te importas
que só eu trabalhe? Diga a Maria que venha servir comigo! Pediu ela, obtendo
como resposta: Marta, Marta, tu te perturbas com muitas
coisas... Maria escolheu a melhor parte e essa não lhe será tirada!
Vem
agora nosso próprio mês especial, dezembro. Nesse mês, espíritos de luz em
mutirão vêm à Terra e produzem o que se convencionou chamar de “espírito de
natal”. Uma espécie de Oasis no imenso deserto em que transformamos
nossas vidas, uma brisa refrescante nesse terrível calor materialista que nos sufoca.
Nessa época como que um perfume maravilhoso se espalha em todos os ambientes
tentando instalar em nossas vidas um momento diferente, feliz, amoroso a nos
incentivar a buscar a felicidade e o amor.
É mês
de Natal e quais são nossas preocupações e ações? Presentes, preparações e
comidas? A criança imediatista pensa o Natal em função dos presentes materiais.
Vigia os embrulhos nas mãos dos convidados como se as pessoas não existissem,
sequer os cumprimentando se seus embrulhos não trazem os brinquedos que tanto
desejam. Os adultos materialistas pensam o natal em função dos empregos que,
nessa época, efetivamente aumentam, sem perceber as oportunidades mais amplas
que para eles se abrem. Pois, como disse Paulo, quando eu era menino agia e
pensava como menino, mas agora que eu cresci penso e ajo como homem.
Quantos
de nós estaremos vivendo com os olhos voltados ao mundo espiritual que se abre
para nós de forma tão espetacular? Pois é ele, ele mesmo que bate à nossa porta
nessa noite tão especial: Papai Noel? É ele que, através de seus iluminados
emissários, nos vem trazer frescores, perfumes, presentes essenciais à nossa
autotransformação. Nos quintais, crianças brincam imitando seus ídolos,
assumindo seus nomes. E nós, o que faremos, quem seremos, Herodes ou Reis
Magos, Marta ou Maria? Temos uma grande decisão a tomar.
Pois
esse é o convite de todos os natais, mas muito especialmente do natal da
transição planetária. Se você não se deixar amesquinhar pelos interesses,
vaidades e mal entendidos produzidos pelo orgulho, você certamente se deixará
envolver pelo espírito de natal e então, como aquele mesmo trabalhador que
melhor desempenha suas funções durante o trabalho temporário, você poderá ser
efetivado e ter harmonia e paz do mundo regenerado por toda a eternidade.
( Publicado em http://www.redeamigoespirita.com.br)
Maurício de Araújo Zomignani é membro da Rede Amigo Espírita, assistente social por formação e um dos responsáveis pelo curso Aprendizes do Evangelho no Centro Espírita Semente de Luz em São Vicente - SP. Vem cumprindo a função de palestrista nesse e em mais uma dúzia de Centros das cidades de Praia Grande, São Vicente, Santos e Guarujá. Vem contribuindo, há mais de 20 anos, com artigos dos mais variados temas no maior jornal da região, com privilégio para a temática espiritualista.
E-mail:mauzomi@ig.com.br
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