quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Homens são emotivos


Ainda sobre o assunto, o conselheiro de casamento M. Gary Neuman garante que 92% dos homens afirmaram em estudo realizado por ele, que a traição não teve relação primária com o sexo. "Eles responderam que era muito mais por desconexão emocional, um sentimento de ser depreciado mesmo. Apesar de não parecerem ou não mostrarem, homens são seres emotivos". A psicóloga Mara Lúcia Madureira concorda: "A traição pode, muitas vezes, estar mais associada às questões afetivas, como a necessidade de admiração mútua, do que à busca de satisfação sexual. Basta considerar a frequência de casos de infidelidade entre casais que mantêm ótima qualidade das relações sexuais".
Segundo ela, a ausência de equilíbrio emocional, de companheirismo, de respeito à individualidade, da capacidade de diálogo e compreensão no relacionamento, além de falta de programas de lazer e entretenimento a dois, podem sim favorecer a busca de aventuras extraconjugais, nas quais se pode vivenciar, ainda que por breves momentos, uma experiência afetiva permeada de carinho e ternura.

- Contas pra pagar, crianças e responsabilidades na casa facilmente levam os casais a deixarem a admiração de lado. E a outra, a amante normalmente faz com que o homem se sinta melhor com ele mesmo - elas fazem eles se sentirem diferentes, apreciados, admirados. "Homens parecem fortes, poderosos e capazes. Mas, por dentro, são tão inseguros quanto às mulheres. Eles estão procurando por alguém que os valorizem também", garante Neuman.
Afirmar então que toda traição masculina requer mera satisfação sexual, reflete uma grande inverdade. "Algumas traições são motivadas por interesses pessoais momentâneos, pela sensação de desafios ou autoafirmação de virilidade, na ideia de preservação da liberdade e individualidade", diz a psicóloga.

Mil facetas
Fato é que as mil facetas do adultério e da traição são difíceis de serem descritas, porém vale chamar a atenção para essa vivência que, por inúmeros motivos intrapsíquicos, são fomentadas e quando as pessoas se dão conta estão vivendo num carrossel de emoções. A princípio, pode ser agradável pela descarga de adrenalina, mas com o amadurecimento esperado das relações, essas emoções ou sucumbem ou geram grande dor e sentimento de desvalia. Portanto vale analisar com carinho e sem paixão a motivação que leva as pessoas a se envolverem em relacionamentos que trazem pouca contribuição ao desenvolvimento pessoal. É uma relação pela metade, assim como a esposa também o é na grande maioria dos casamentos. Essa dicotomia aparece em razão da polarização dos papéis de esposa e amante. Do lado da esposa existem as preocupações e obrigações; do lado da amante, o prazer sexual e as conversas interessantes. Isso tudo numa busca incondicional de dois valores fundamentais: a preservação da liberdade e o bom relacionamento sexual. Diferente do que possa parecer, o papel da amante com a possibilidade de ser sujeito, escolher, optar e ser independente fica nula, pois a amante submete-se, na maioria das vezes, a um papel passivo e até humilhante. Fica sempre à espera do parceiro e não é assumida na sua completude, sendo parcialmente companheira com muitas limitações. Mais uma reflexão: os amantes escolhem ou apenas se conformam com esse tipo de relacionamento? Numa época em que não se aceita mais ser metade não valeria a pena rever conceitos e necessidades para que as buscas fossem coerentes? Na maioria dos casos o homem não deixa sua esposa, a não ser que não exista amor verdadeiro. Sei que sou romântica nessa leitura. Mas, como diria o poeta, tudo vale a pena se a alma não é pequena.

Solução?
Não adianta atribuir culpa mesmo a ninguém. Traições são decisões individuais - além de um risco potencial em qualquer relacionamento amoroso. O que se pode fazer é tentar melhorar a qualidade da relação, mantendo amor e desejo e fortalecendo os vínculos afetivos.
A psicóloga Mara Lúcia, que trabalha as relações entre a cognição e o comportamento, sugere uma série de atitudes que podem dar uma mãozinha para a fidelidade. Entre elas está se comportar de maneira carinhosa e gentil, expressar de forma franca e respeitosa os desejos e insatisfações, evitar ofensas e discussões desnecessárias, não permitir a intromissão e o controle de outras pessoas no relacionamento.
Vale ainda cultivar as brincadeiras, manter o cuidado com a saúde e aparência física, buscar continuamente o desenvolvimento intelectual e emocional, alinhar os objetivos e trabalhar para as realizações conjuntas. "Se interessar pelas necessidades do outro, respeitar a individualidade e preferências do parceiro, abordar situações críticas sem acusações e propor soluções razoáveis, desenvolver e exercitar a tolerância são também fundamentais. Deve, enfim, manter-se atraente e interessante em todos os sentidos", sugere. Mas saiba que, mesmo com tudo isso, achar que garantias existem é mera ilusão. "Decididamente não há formulas efetivas para eliminar os riscos da triangularidade nas relações amorosas".

Adaptação de textos escritos por Sabrina Passos (MBPress)
Dra. Márcia Atik - psicológa
Dr. Amaury Mendes Júnior - médico ginecologista com pós-graduação em terapia sexual

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