“Viver! E não ter a vergonha de ser feliz...
Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...
Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...
Ah meu Deus! Eu sei, eu sei que a vida devia ser bem
melhor e será... Mas isso não impede que eu repita... é bonita, é bonita e é
bonita...”
Estou eu aqui
mais uma vez às vésperas do meu aniversário... Fazer aniversário... o que isso
significa? Acumular anos de vida? Experiências? Acho que sim. Mas, é
principalmente comemorar os resultados de uma jornada com erros e acertos,
dividindo o tempo em etapas vividas como as estações que alternam os meses, mudando
o clima e alternando a cor, aquecendo ou esfriando, florescendo ou frutificando
e enchendo o chão da vida.
01.10.2014.
Mais um ano se passa... e não foi um ano qualquer... deixou marcas,
ensinamentos, grandes mudanças, gratidão... ao somar mais um ano em minha
passagem pela terra, sinto necessidade de uma reflexão. 56 anos. Foram mais de
vinte mil e quatrocentos dias até aqui. É hora de olhar pra traz e observar as
marcas deixadas, de encarar os fatos novos, de desapegar e viver novas emoções.
Estou me aposentando após 40 anos de trabalho (35 dos quais como jornalista).
Mas, a hora não é de parar e ficar sentada numa cadeira de balanço fazendo tricô...
A hora é de reconstruir, ajustar, não ignorar as tristezas e agradecer pelas
inúmeras alegrias.
“É hora de
celebrar, expulsando memórias, lembrando dos pequenos gestos, suavizando
os ressentimentos, retardando as inquietações. É hora de agregar valores novos,
de polir as ideias, de limpar as mágoas, de encomendar esperança, hora de virar
a página, de prender a fera e soltar a criança. É hora de parir novos sonhos,
de alcançar as metas, de rir o meu riso e de chorar o meu pranto. Hora da
conscientização, de avaliar - da (re)conciliação!”
Foram muitos
anos, mais de seiscentos e setenta meses, foram muitas ilusões, sonhos,
enganos, frustrações, satisfações, decepções e escolhas que me trouxeram o que
eu precisava aprender... cometi deslizes, falei o que não devia,
me precipitei, julguei - e mal! Magoei pessoas que amo, fui magoada,
esqueci as promessas íntimas que me fiz... Acreditei e confiei...
Outras escolhas, no entanto, me levaram por
caminhos férteis, onde semeei uma dose boa de esperança e uma extra, de
humildade. Quero colher os frutos bons, porque se penei atravessando
tempestades, hoje quero o calor do sol e a claridade.
Algumas das
escolhas foram muito difíceis, e foi com estas que mais aprendi. Fiz escolhas
que me propiciaram momentos perfeitos, alguns trouxeram alegrias inesquecíveis,
reencontros, proximidade, afetos resgatados, ousadia e coragem. Parte de minhas
escolhas ainda me farão caminhar, porque os sonhos estão incompletos e precisam
que eu persevere e saiba esperar. Confio que os resultados esperados serão
novos dias de muita alegria e farta comemoração!
Posse dizer
que sou a mulher que aprendeu com os erros, que reverencia a vida, persiste,
tem coragem, se espanta e se comove, sonha, divaga e acredita. Diz coisas impensadas
e se arrepende, releva coisas bobas que ouve e as horríveis, nem sempre
esquece, mas perdoa, é perdoada. Sou responsável, procuro ser correta, mas
também me engano... sou a amiga presente, cedo o coração, o colo, o ombro, mas
nem sempre correspondo; sou a filha que ama, que se preocupa; sou a irmã e a
tia amorosa que às vezes se descuida; sou a cunhada afetuosa, amiga e
agradecida; sou a mãe que ama demais, que cuida, se preocupa, convive, socorre,
ri e chora junto, agrada, abraça, mas desaponta; e sou a avó que, mesmo à distância,
ama, ama, ama...e é amada!
...Ter uma família
é a certeza de trocas importantes, de tensão e união, de calor nas discussões e
nos abraços, de momentos felizes, de laços e nós. É a forma mais genuína da
demonstração do amor, do perdão, da camaradagem, companheirismo, conflitos e
superações...
Também não
esqueci nessa reflexão de meus sonhos desfeitos, das renúncias, da insegurança
diante de cada decisão, das noites enormes e dos dias vazios, dos momentos de
desespero... Contudo tenho convicção que os tombos foram os momentos de
descanso, e concluo que tenho muita sorte... Nestes 56 anos que vivi, enchi um grande
"baú de lembranças" boas e lindas, formando um tesouro precioso.
Por tudo que vivi, pelos últimos acontecimentos na minha vida, pelas
pessoas que dela fazem parte, pela saúde que todos temos, pelas oportunidades e
recursos maravilhosos para usufruir dessa vida abençoada, sou infinitamente
grata! Enfim, nestas quase seis décadas de vida tenho muito a agradecer e quase
nada a pedir a Deus! Apenas que Ele me dê sabedoria e luz para cumprir a missão
que me foi destinada nesse planeta. E concluo com a continuação da letra de
Gonzaguinha...
E
a vida! E a vida o que é? Diga lá, meu irmão. Ela é a batida de um coração. Ela
é uma doce ilusão... Mas e a vida ela é maravida ou é sofrimento? Ela é alegria
ou lamento? O que é? O que é? Meu irmão...
Há quem fale que
a vida da gente é um nada no mundo. É uma gota é um tempo que nem dá um
segundo... Há quem fale que é um divino mistério profundo. É o sopro do criador
numa atitude repleta de amor... Você diz que é luta e prazer... Ele diz que a
vida é viver. Ela diz que melhor é morrer pois amada não é e o verbo é
sofrer... Eu só sei que confio na moç e na moça eu ponho a força da fé. Somos
nós que fazemos a vida como der ou puder ou quiser... Sempre desejada, por mais
que esteja errada ninguém quer a morte, só saúde e sorte... E a pergunta roda e
a cabeça agita. Fico com a pureza da resposta das crianças é a vida, é bonita e
é bonita...
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