terça-feira, 6 de novembro de 2012

Crônica com anticlímax e considerações inúteis de um homem sobre uma revista feminina

O escritor e roteirista Ricardo Hofstetter resolveu folhear uma revista feminina. O resultado é esta crônica publicada em Mulher 7 X 7, de Época.

Ontem fiz uma coisa que há muitos anos não fazia. Aliás, nem tenho certeza de já ter feito isso antes: folheei, com atenção, uma revista feminina, da primeira à última página.

Para começar me assustei com o tamanho. A revista tinha 450 páginas. Não sabia que revistas femininas podiam chegar a tais extensões. Essa deve ser a média de páginas dos romances de Dostoiévski. Tudo bem que 90% do material é de fotografia, textos não passam de uma minoria oprimida. Ainda assim, 450 páginas são 450 páginas.
Outra coisa que chama a atenção é a qualidade da revista: o papel usado na impressão é excelente, as fotos incríveis, a diagramação perfeita, o colorido excita, o contato dos dedos com as folhas é agradável, até o cheiro atrai as narinas.
Outro detalhe interessante: a quantidade de mulheres estonteantemente lindas (photoshopadas ou não) e em poses extremamente sensuais. A nível de homem, me senti como um cachorro babando frangos de padaria. O que será que se passa na cabeça de uma mulher ao ver essa enorme quantidade de outras mulheres lindas e em poses provocantes? Desejo de ser igual a elas? Sentimento de inferioridade? Inveja? Vontade de comprar as roupas? Decorar as poses para usá-las com seus parceiros? Rasgar a revista?
Um dos poucos textos, trazia uma pesquisa sobre o que os homens gostam no visual das mulheres. Coisas que eu suspeitava se confirmaram, como o alto índice de aprovação das minissaias e a preferência por cabelos compridos. O excesso de maquiagem foi criticado e as sapatilhas venceram o salto alto na preferência deles.
Bom, é isso, a crônica termina aqui. Para quem aguardava críticas à futilidade da moda, ao consumismo, à exploração sensual da mulher, ao vazio da beleza exterior, à superficialidade ou ao Photoshop engana-trouxa fica a justificativa do porquê da palavra anticlímax no título. A crônica acaba assim, da mesma maneira que um dia a vida acaba: de repente, sem aviso, sem críticas ou mensagens, como acabou a revista após o marulhar da última página e esta crônica com o som de sua última palavra.

NE: Achei a pesquisa deveras interessante. Muitas mulheres sofrem o diabo mas não descem do salto de 20cm. Se é para agradar os homens, tão no caminho errado, segundo a tal pesquisa.

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