O blog Espaço Livre foi criado com o propósito de compartilhar textos que venham acrescentar algo à vida das pessoas. Alguns escritos por mim, outros copiados, mas sempre identificando a fonte e os autores. Se alguma vez deixar de faze-lo, ou se algum autor se sentir prejudicado, peço que se manifeste para que possa fazer o devido reparo. Meu único propósito é partilhar conhecimento com os irmãos.
sexta-feira, 7 de março de 2014
Os erros das homenagens no Dia Internacional da Mulher
Eu até pretendia escrever alguma coisa sobre
o tema. Mas, como disse em anos anteriores, basta copiar os artigos passados,
pois nada mudou com relação a data que é apenas mais uma data comercial, assim
como o Dia das Mães e tantas outras. Ouvimos mensagens melosas, grandes
elogios, exaltação das conquistas do sexo frágil ao longo dos anos, desde que
um grupo de mulheres se rebelou e começou a luta pela igualdade social, política
etc e tal...
“A história se repete todo ano. No Dia
Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, a oferta de bombons, rosas
vermelhas, perfumes e outros presentes considerados “femininos” aumenta
consideravelmente. Porém, mais do que uma data comercial, o Dia Internacional
da Mulher nasceu como um protesto contra a opressão feminina, proposto em 1910
por Clara Zétkin e Rosa de Luxemburgo, na 2ª Conferência Internacional de
Mulheres Socialistas, em Copenhague.
“A
data representa a luta das mulheres por igualdade social, política e no mercado
de trabalho, mas acabou sendo comercializada e banalizada. Muitas vezes, as
propagandas veiculadas nesse dia acabam sendo extremamente depreciativas e
abafam a discussão da desigualdade de gêneros”, atenta Lourdes Bandeira,
socióloga da Universidade de Brasília e Secretária-Executiva da Secretaria de
Política para as Mulheres.
Gentileza ou
machismo?
A linha que separa o que é gentil do que
é machista nas homenagens no Dia Internacional da Mulher se torna tênue à
medida em que muitas das mensagens e presentes direcionados às mulheres acabam
reforçando estereótipos ou comemorando uma situação de igualdade e
empoderamento que, na realidade, ainda não existe por completo.
“A gentileza, a delicadeza e a
generosidade podem acontecer a qualquer momento, não necessariamente dia 8 de
março e não só para as mulheres, mas isso não pode tomar o lugar da discussão
de que ainda temos muitas reivindicações pela frente. Não são atos negativos,
exceto quando nos discriminam e reforçam um padrão único de mulher”, completa
Lourdes Bandeira.
Exemplos de discriminação e sugestões de
presentes que passam longe da gentileza são, por exemplo, as homenagens que
tentam enaltecer qualidades tidas como obrigatoriamente femininas: delicadeza,
esmero, beleza, fragilidade, vaidade, entre outras, que acabam padronizando as
mulheres dentro de um ideal que precisa ser quebrado.
“Mesmo sem maldade, a pessoa pode acabar
contribuindo para esvaziar o sentido da data. É importante retomar a
importância da luta pelos nossos direitos, justamente para conscientizar as
pessoas de que ela não existe para dar flores e presentes, nem para homenagear
a beleza e a feminilidade”, acredita Aline Valek, escritora e feminista.
Rosas, chocolates
e perfumes, por exemplo, são apenas presentes e não precisam ser encarados como
atitudes machistas, mas não estão isentos da culpa. “Na verdade, o presente é
um ato inconsequente. Não vou recusar rosas e chocolates, mas a questão é que
sempre caem no clichê de nos parabenizar por sermos mulheres. Nas propagandas,
a nossa luta se resume a encontrar a chave no meio da bolsa, a suportar a TPM e
andar de salto alto”, afirma Lola Aronovich.
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