Dentre
os ângulos do perdão, um existe dos mais importantes, que nos cabe
salientar: os resultados dele sobre nós mesmos, quando temos a
felicidade de desculpar.
Muito freqüentemente interpretamos o
perdão como sendo simples ato de virtude e generosidade, em auxílio do
ofensor, que passaria a contar com a absoluta magnanimidade da vítima;
acontece, porém, que a vítima nem sempre conhece até que ponto se
beneficiará o agressor da liberalidade que lhe flui do comportamento,
porquanto não nos é dado penetrar no íntimo mais profundo uns dos outros
e, por outro lado, determina a bondade se relegue ao esquecimento os
detritos de todo mal.
Urge perceber, no entanto, que, quando
conseguimos desculpar o erro ou a provocação de alguém contra nós,
exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco, ao mesmo tempo
que nos desvencilhamos de todos os laços suscetíveis de apresar-nos a
ele.
Pondera semelhante realidade e não te admitas carregando
os explosivos do ódio ou os venenos da mágoa que destroem a existência
ou corroem as forças orgnicas, arremessando a criatura para a vala da
enfermidade ou da morte sem razão de ser.
Efetivamente,
conhecerás muitas vezes a intromissão do mal em teu caminho, mormente se
te consagras com diligência e decisão à seara do bem, mas não te
permitas a leviandade de acolhê-lo e transportá-lo contigo, à maneira de
lmina enterrada por ti mesmo no próprio coração.
Ante
ofensas quaisquer, defende-te, pacifica-te e restaura-te perdoando
sempre. Nas trilhas da vida, somos nós próprios quem acolhe em primeiro
lugar e mais intensivamente os resultados da intolerncia, quando nos
entrincheiramos na dureza da alma.
Sem dúvida, é impossível
saber, quando venhamos a articular o perdão em favor dos outros, se ele
foi corretamente aceito ou se produziu as vantagens que desejávamos;
entretanto, sempre que olvidemos o mal que se nos faça, podemos
reconhecer, de pronto, os benéficos efeitos do perdão conosco, em forma
de equilíbrio e de paz agindo em nós.
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