quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

As “não-pessoas”: gente que não é ninguém aos olhos de quem mais precisa delas


Natal foi ontem, mas, ainda vale a pena ler este texto da jornalista carioca Ana Paula Brasil, publicado no blog Mulher 7 X 7, de Época.

Acompanhei de perto o trabalho de uma amiga que organiza eventos e descobri uma nova categoria de seres humanos:  as “não-pessoas”. Ela telefonava para celebridades e autoridades, de graduações variadas, para confirmar se iriam ao evento e se levariam acompanhantes. E deixava claro que só entrariam na área do evento, inclusive no estacionamento, pessoas credenciadas.
No dia marcado, alguns dos convidados que disseram que não levariam ninguém apareceram acompanhados e foram questionados na portaria.

 - Essa pessoa não está credenciada.
- Ela é só a babá da minha filha.
Tradução: ela não é pessoa. É uma força invisível que cumpre boa parte das minhas tarefas de mãe para que eu possa trabalhar, ser rica e famosa. Se eu ignorar isso, me sinto melhor e pago um salário menor.  Além do mais, acho que ela devia dar graças a Deus por trabalhar para mim. Então ela não precisa de credencial.
Detalhe: a filha de dois anos estava credenciada.
 - A pessoa ao volante não está credenciada.
- Ué?! Mas é o motorista!
Tradução:  ele dirige meu carro, me leva a todos os lugares e compromissos, incluiu pontualidade, comodidade e conforto na minha vida, mas não é uma pessoa. É uma extensão do maquinário automotivo; não precisa de credenciamento.
 - A moça não está credenciada.
- Tá comigo, é minha namorada.
Tradução: ela não é exatamente uma pessoa. Estar comigo faz dela alguém, mas não o suficiente para precisar de credenciamento. É um acessório. Não vale a pena credenciá-la porque estou sempre trocando o modelo.
 E assim passaram jovens atores, políticos, religiosos e cantores… Classificando na categoria “não-pessoas” as pessoas de quem mais precisam: gente de seu staff, pares afetivos…
 Caso você não tenha percebido, este é um post de Natal. Ele fala de enxergar o outro; ou de amor ao próximo, se quisermos ser mais líricos.O próximo pode estar mais próximo do que você imagina ou seja capaz de perceber. Então vai aqui a minha campanha:  neste Natal, olhe para os lados. E credencie na sua vida quem é importante para você.

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