Depois da morte, o que tem mais força, o ódio ou o amor?
O
amor é o sentimento maior, mais poderoso, em qualquer dimensão. De
origem divina, está em germe em todos nós e nossa missão é desenvolvê-lo
em sua plenitude. Por mais ignorante ou cruel que possa ser um homem,
possui ele a essência do amor em seu coração, aguardando o inevitável
desabrochar. Aprender a amar, pois, é a razão da nossa vida.
O
ódio é a revolta daqueles que ainda não conseguem amar. Como a sombra,
que é simplesmente a ausência da luz, o ódio é a ausência do amor. Sua
origem é puramente humana, fruto do orgulho e do egoísmo, próprios da
animalidade que ainda nos domina. Não tem o ódio bases sólidas
verdadeiras. É como a construção de um prédio na areia: à medida que se
levanta o próprio peso acarreta a sua queda. Carrega, ele, em si mesmo, a
espoleta auto-destrutiva.
No
mundo físico, o ódio parece ter mais força, porque é violento,
agressivo, destruidor. O amor, conduto, é mais resistente; consegue
suportar os golpes do ódio, conservando-se intacto. Enquanto a
eliminação do ódio implica em perda de energia para seu agente, na
defesa passiva o amor mais se engrandece. Jesus entregou-se
pacificamente aos seus algozes , e o seu amor envolveu a humanidade e
perdura no tempo. Gandhi pregou obstinadamente a não violência, e o seu
amor converteu-se em libertação e paz para os indianos e exemplo para
todos nós.
O ódio é
apressado e sua ação é imediata, impulsiva, irreflexiva, sem medir as
consequências do ato. Um segundo de ódio é capaz de destruir a vida,
relacionamentos afetivos ou patrimônios materiais construídos com grande
esforço. O amor é paciente; aguarda serenamente que o tempo se
encarregue de revelar a verdade, mantendo-se confiante em Deus.
Obviamente
que tudo isso não pode ser considerado nos restritos limites do
presente e da vida material, mas tendo-se em conta que somos espíritos
imortais.
Ódio e
amor são sentimentos da alma. Portanto, acompanham-nos no além túmulo,
pois na espiritualidade continuaremos a manter a nossa individualidade.
Ao contato com a nova realidade (a espiritual), muitos espíritos
conseguem avaliar infantilidade dos sentimentos mesquinhos que nutriam
aqui na Terra, e se transformam. Outros, porém, notadamente quando
deixaram a vida vitimados por desafetos, mais exarcebam o seu ódio e a
sua revolta, passando a fazer a infelicidade alheia.
A
ação desses espíritos inferiores é exercida apenas contra outros de
igual natureza e de menor inteligência; ou contra almas de consciência
culpada, por isso enfraquecidas. Não conseguem, porém, se impor aos que
amam verdadeiramente, àqueles que mantêm em seus corações a fé em Deus e
dedicam-se ao amor ao próximo e à conquista da sabedoria.
Lá
como aqui, as armas mais eficazes contra o ódio são a prece e o perdão.
Ambos são luzes que iluminam a nossa alma, e não há sombra, por mais
intensa que seja, capaz de resistir ao menor ponto de luz. O verdadeiro
amor, porém, não se contenta em resistir ao mal, mas empreende todos os
esforços para convertê-lo ao bem, pois, como disse o Apóstolo Paulo “quem faz o mal é porque não tem visto a Deus”.
Autor: Donizete Pinheiro
Livro: Respostas Espíritas – Edições Sonia Maria – 1ª Edição – Capítulo: 14 – São Paulo – 1997
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