Estariam os princípios
espíritas endereçados à segregação para uso exclusivo daqueles irmãos
que carregam provas visíveis no plano material?
Encontramos,
com frequência, na Terra quem suponha deva ser a Nova Revelação
limitada ao trabalho em favor dos que sofrem a penúria do corpo, sob
pena de perder a própria simplicidade.
Entretanto,
a fulguração solar será menos luz quando clareia o recôncavo de um vale
e o topo de um arranha-céu ao mesmo tempo? E, acaso, a fonte se
diminuirá em grandeza por deixar-se canalizar em serviço à cidade
grande, após haver saciado a sede aos lares do campo?
*
Decerto,
a mensagem da Vida Maior tem significação mais imediata em auxílio a
quantos se vejam no mundo em dificuldades abertas, seja no chão das
exigências primárias da natureza ou na sombra das grandes tribulações em
que a inconformidade os compele a se tornarem francamente infelizes.
Imperioso, porém, pensar naqueles outros companheiros da humanidade que a
vida situou em outros setores.
Não é a face externa da criatura que lhe determina o grau da necessidade espiritual.
Dói-nos
ver as mãos que se nos estendem nas ruas, à cata de pão; no entanto,
será justo, igualmente, compreender os obstáculos daqueles que se
esfalfam em serviço para que haja pão, tanto quanto possível, à mesa de
todos.
Aflige-nos
registrar os empeços do amigo em profissão singela, cujo salário não
lhe satisfaz a todos os requisitos da vida simples, mas não nos será
lícito esquecer os óbices daqueles que se atormentam na orientação da
oficina para que o trabalho não se perturbe ou escasseie.
Magoa-nos
surpreender irmãos diversos, acomodados nos palheiros humildes que lhes
servem de residência; contudo, não podemos desconhecer os impedimentos
daqueles outros que encanecem nas administrações, construindo caminhos
ao progresso e traçando horizontes ao reconforto geral.
Sensibiliza-nos
o martírio das mães que vagueiam nas vias públicas à busca de socorro
para filhinhos padecentes; entretanto, seria injusto desconsiderar o
sofrimento daquelas outras que se aniquilam, pouco a pouco, dentro de
casa, em posição de incessante sacrifício, para sustentarem os
descendentes, de modo a que a dignidade humana possa honrosamente
sobreviver.
*
Reflitamos
no conjunto dos problemas humanos e a ninguém deserdemos da verdade e
do amor, de vez que em qualquer situação pertencemos todos a Deus e,
segundo as nossas necessidades, é natural que Deus nos atenda a cada um.
Do cap. 1 do livro Na Era do Espírito, de autoria de Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires e Espíritos diversos.
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