Compadeces-te dos caídos em moléstia ou desastre, e que apresentam no corpo comovedoras mutilações.
Inclina-te, porém, com igual compaixão para aqueles outros que
comparecem, diante de ti, por acidentados da alma, cujas lesões
dolorosas não aparecem.
Além da posição de necessitados, pelas chagas ocultas de que são
portadores, quase sempre se mostram na feição de companheiros menos
atrativos e desejáveis.
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Surgem pessoalmente bem-postos, estadeando exigências ou formulando
complicações, no entanto, bastas vezes trazem o coração sob provas
difíceis;
espancam-te a sensibilidade com palavras ferinas, contudo, em vários
lances da experiência, são feixes de nervos destrambelhados que a doença
consome;
revelam-se na condição de amigos, supostos ingratos, que nos deixam em
abandono, nas horas de crise, mas, em muitos casos, são enfermos de
espírito, que se enviscam, inconscientes, nas tramas da obsessão;
acolhem-te o carinho com manifestações de aspereza, todavia, estarão
provavelmente agitados pelo fogo do desespero, lembrando árvores
benfeitoras quando a praga as dizima;
são delinquentes e constrangem-te a profundo desgosto, pelo comportamento incorreto;
no entanto, em múltiplas circunstâncias, são almas nobres tombadas em
tentação, para as quais já existe bastante angústia na cabeça
atormentada que o remorso atenaza e a dor suplicia…
***
Não te digo que aproves o mal sob a alegação de resguardar a bondade.
A retificação permanece na ordem e na segurança da vida, tanto quanto vige o remédio na defesa e sustentação da saúde.
Age, porém, diante dos acidentados da alma, com a prudência e a piedade do enfermo que socorre a contusão, sem alargar a ferida.
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Restaurar sem destruir.
Emendar sem proscrever.
Não ignorar que os irmãos transviados se encontram encarcerados em
labirintos de sombra, sendo necessário garantir-lhes uma saída adequada.
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Em qualquer processo de reajuste, recordemos Jesus que, a ensinar
servindo e corrigir amando, declarou não ter vindo à Terra para curar os
sãos.
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Emmanuel
Chico Xavier
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