Dr. Wilton e Arlete com a família no batizado de Lia |
Me aproximei de Dr. Wilton Lima
quando ele passou a frequentar o Bar do Vital, na Kalilândia. Na época, ele era
o único além de mim que ia ao bar acompanhado da esposa. Surgiu logo uma
afinidade e uma amizade, principalmente entre Maura e Arlete. As duas ficavam
conversando enquanto a gente jogava dominó e conversa fora com os marmanjos.
Certa época eu me encontrava fora do
jornalismo e, para sustentar a família, resolvi fazer algo que eu conhecia bem.
Fui vender leite de porta em porta. Wilton era um dos meus clientes. Um dia, saí
de casa preocupado, pois minha filha Lia estava com febre e vômitos. De um
orelhão liguei para casa para saber como ela estava e o quadro não havia mudado
e preocupava.
Pouco depois cheguei à casa de Wilton
para entregar o leite e falei com Arlete sobre a situação, pedindo a ela que
conversasse com Wilton para que ele me orientasse, pois eu só teria tempo à
tarde, para levar lia para receber atendimento médico. Ele fez mais. Foi
pessoalmente ao nosso apartamento e medicou minha filha. Quando cheguei em casa
ela já estava bem melhor.
Isso fortaleceu nossa amizade e eu
passei a ver nele alguém como eu, sempre disposto a auxiliar os amigos e até a
estranhos. Lia cresceu aprendendo a ser grata e gostar do casal Wilton/Arlete,
e foi ela quem os escolheu para ser seus padrinhos, e assim nos tornamos
compadres.
Longe de mim contestar os desígnios
de Deus, mas não aceitei de bom grado as provações pelas quais o casal passou.
Primeiro perderam o filho, num acidente. Mas o golpe maior viria mais tarde,
quando ele foi traído por colegas que ele tinha como amigos, o que culminou com
a sua demissão do Clériston Andrade, pagando por uma culpa que ele não tinha.
Ele sequer estava no hospital quando ocorreu o fato que culminou com a sua
demissão. E nenhum dos colegas envolvidos o defendeu, e mesmo os que juntamente
foram acusados (e estavam no hospital no dia fatídico), foram afastados
temporariamente e depois retornaram às suas funções. Pagou o justo pelos
pecadores.
Daquele dia em diante Wilton nunca
mais foi o mesmo homem. Entristeceu e se recolheu, deixando de frequentar os
lugares que costumava ir, limitando-se a se deslocar de casa para o trabalho e
vice versa. Adoeceu, convalesceu e faleceu entre seus familiares.
Resta-me a saudade e a certeza, como
cristão, de que seu sofrimento não foi em vão e que sua alma cresceu e brilha
cada vez mais em alguma morada do Senhor.
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