Por Cristóvam Aguiar
Todo brasileiro é um médico. Todo mundo
conhece uma receita que é “batata” para curar enxaqueca, pé de atleta, dor na
coluna, dor de cabeça, dor de corno ou dor de cotovelo. Quantas vezes me
apanhei receitando mezinhas para amigos médicos, que pacientemente escutaram
este paciente metido a médico? Perdi a conta. Mas eles sabem que, quando o
“bicho pega”, vamos bater às portas dos seus consultórios, e com a cara mais
limpa desse mundo.
Mas ser médico é isso aí. Paciência,
compreensão, amor ao próximo, renuncia, e saco, muito saco, para aturar as
intolerâncias, incompreensões e nervosismos dos seus nada pacientes clientes. É
verdade que muitos não honram o juramento feito na formatura, mas hoje não é
dia de criticar, e sim de elogiar e homenagear a estes anjos vestidos de
branco, que nos aparecem nas horas mais difíceis, com um estetoscópio ao
pescoço e uma maleta à mão, trazendo alívio para nossas dores.
Às
vezes eles são chatos. Parece até que sentem um certo prazer em nos proibir de
fazer e comer as coisas que mais gostamos. E só de birra, a gente faz o que não
deve e come o que não pode. Nesse caso, quando a gente não morre, lá vem o
médico, pacientemente, tentar consertar as merdas que fizemos a nós mesmos. Rapaz!
Vou confessar. Se eu fosse um médico, eu consertava o teimoso, mas tirava o
maior sarro da cara dele: “Tu viu sacana. Eu não avisei? Agora fica aí de
molho, com essa cara de santa puta, chamando por Deus. Quando ficar bom, se
ficar, vai fazer tudo outra vez”. Ah! Eu ia tripudiar.
Existem
dois profissionais para os quais não se deve mentir. Advogados e médicos. Até
porque, ele vai se nortear pelas informações que lhes dermos, para poder nos
defender e tratar corretamente. Se a gente mente e a zorra dá errado, a gente
acaba preso ou morto, o que reduz muito as nossas chances de fazer uma reclamação.
Eu
fico imaginando: O cara passa cinco anos alisando banco de universidade, faz
residência, pós graduação, especialização, não para nunca de estudar, para
poder curar doenças. Aí chego eu, um zé mané, que não sabe nem usar um
termômetro, e questiono o diagnóstico do médico. É muita cara de pau. Eu sei.
Mas vou agir exatamente assim na primeira oportunidade. Fazer o que? Parece que
faz parte da natureza humana.
Os
médicos sabem disso. Por isso nos aturam. Preocupam-se com o nosso bem estar, a
nossa saúde. E pra encerrar esse papo, eu vou contar uma história que ilustra
bem essa preocupação, essa abnegação que os verdadeiros médicos têm pelos seus
pacientes:
Um
médico amigo meu, me contou que estava de plantão no HDPA, e no final da tarde,
quando já estava esperando o colega que o substituiria para o plantão da noite,
começaram a chegar no pronto socorro, as vítimas de um acidente. Ele começou a
atender. E tome sutura, algodão, esparadrapo, gesso, tipoia, e nada do colega
chegar. Entrou pela noite e ele lá, atendendo aos feridos.
Entre
as vítimas, havia um cidadão que apresentava um furo na região glútea, um pouco
acima do orifício anal. Ele limpou o ferimento, colocou medicamento e costurou.
Já tarde da noite, cansado, exausto mesmo, foi para casa. Já deitado em sua
cama, ele lembrou do paciente, e de tão cansado, ficou na incerteza sobre se
havia costurado o buraco certo. “Será que eu costurei o fi-ó-fó do cara”? –
Pensava ele.
Não
conseguiu dormir com aquela preocupação. Levantou-se, pegou o carro e voltou
para o hospital. Só depois de conferir se tinha costurado o buraco certo,
voltou para casa e pode dormir em paz, com a sensação gostosa do dever
cumprido.
Assim
são os médicos.
Aproveitem
bem o seu Dia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário