Reciclar tá na moda, né? Ainda bem, porque dá para inovar com pouco gasto. O que para mim, atualmente, significa a única forma de dar uma nova cara aqui pra casa. Decidi, então, fazer algumas mudanças e foi um tal de arrumar caixote de feira, paletes; desencavar discos de vinil, quadrinhos do Bolinha e Luluzinha; transformar caixas de sapato em porta-fotografias, gavetas em prateleiras…
Esta possibilidade de dar novo uso a um objeto antigo me
fez pensar que tudo tem seu tempo de vida e que, depois, para continuar no dia
a dia, é preciso uma adaptação. Exatamente como as pessoas. Quantas vezes na
vida precisamos ser flexíveis e nos adaptarmos a uma nova situação?! Aliás,
considero que este jogo de cintura é a grande meta para conseguir ser feliz.
Não estou falando de “Felizes para Sempre”. Há tempos já
não acredito em Contos de Fada. Mas, até mesmo a partir desta ideia, penso que
dá para se sentir muito satisfeito por um período. Por vezes mais longo, por
outras, menos. Mas as circunstâncias se alteram, as pessoas se modificam, os
contratos terminam, o tempo passa, as ideias mudam, os sentimentos não são
estáticos e precisamos nos reencaixar na nova realidade que surge.
No entanto, um telefone antigo pode se tornar um objeto
de decoração, um sofá dos anos 60 passa a ser visto como vintage, o papel de
parede volta como destaque, geladeiras retro brilham nas sugestões de cozinhas
estilosas e por aí vai a onda de mesclar antigo e novo, clássico e moderno,
tradição e vanguarda. Quanto mais a convivência se entrelaça, mais interessante
é o resultado.
Há pessoas que insistem em resistir às transformações.
Mas não adianta e não depende apenas de nós. Estamos incluídos num contexto e é
bom aprender a dançar uma música nova. Assim como na casa, é legal uma pintura
diferente, trocar a capa, um papel de parede com outra textura, remendar os
rasgados, reposicionar os itens. Este reaproveitamento traz um colorido para a
nossa vida.
Não adianta jogar só na mesma posição. Como costuma falar
o professor de futebol do meu filho, quanto mais possibilidades você oferecer
ao técnico, maior a chance de você ser convocado. Então, precisamos aprender a
nos reciclar: reconsiderar uma opinião, pedir desculpas, rever com outro olhar,
aprender coisas novas, aceitar as impossibilidades, experimentar o diferente.
Acredito que vamos lucrar se tivermos esta postura. Para
que jogar no lixo os “nãos” que ouvimos, as relações vividas, os embates enfrentados,
as intuições reconhecidas, a angústia do fim? Já pensou que, dependendo
do ponto de vista, o final pode ser o começo? E
É nisto que estou apostando. Já para a reciclagem!
Leila Meirelles -
jornalista, produtora
Nenhum comentário:
Postar um comentário